Confira entrevista com a Médium Sônia Gonçalves

Publicado em 03.04.2010, às 08h27

Sônia afirma que a psicografia é tão natural quanto uma conversa Foto: Chico Porto/JC Imagem

Jornal do Comércio:

Depoimento da médium Sônia Gonçalves, do Grupo Espírita Francisco de Assis (GEFA), localizado em Piedade, Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife.

 

» Encontro com Chico

"Faz 26 anos que estive com Chico Xavier. Foi maravilhoso, algo que a gente nunca esquece. A vibração amorosa dele emociona todos. É a presença de um amor e de uma humildade que eu nunca vi e acredito não ver neste mundo. Ele foi ao Marietta Gaio (centro espírita), no Rio de Janeiro, para receber pessoas e autografar livros. Chico falou e depois recebeu um por um, até as 3h30 da manhã, abraçando e oferecendo uma rosa. Eu guardo a minha até hoje, tem um perfume fora de série. Estou com 67 anos e não tenho a resistência que ele apresentava, fora do normal. Não vinha dele, ele já estava bem doentinho."
 

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Nosso Lar

"Eu era católica e tinha muitos conflitos com o inferno e as injustiças sociais. Que deus é esse que dá muito a uns e a outros nada? Uma amiga me emprestou Nosso Lar, li, e eu não precisei de mais nada para compreender. Compreendi que era ciência, filosofia e religião. A partir daí, fiz todo o estudo da doutrina. Aqui fundamos há 24 anos o GEFA, com trabalho espiritual e social".
 

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Psicografia

"Todos somos médiuns, mas nem todos têm compromissos mediúnicos. No caso, eu tinha. Sentia vibração em casa. Algumas vezes médiuns me viviam e diziam que eu precisava desenvolver.  A psicografia é tão natural como conversar. O espírito chega e conversar normalmente. Eu faço minha prece e entro em sintonia com os bons espíritos.
 

Cada médium desenvolve um tipo. Tem a psicografia mecânica, semimecânica e a intuitiva. A mecânica é a de Chico Xavier, nunca vi mais ninguém assim. Ele escrevia com as duas mãos, um espírito de cada lado e conversava com outra pessoa. Na semimecânica, o espírito passa a ideia e usa nossas mãos. Muda a nossa letra, é muito rápido, a gente não atina o que está escrevendo, só depois ler. É o meu caso. Sentimos a aproximação do espírito, as idéias mudam. Saímos da sintonia terra a terra. Na reuniões mediúnicas temos contatos não só os espíritos evoluídos, mas também os sofredores. O médium pode sentir uma dor de cabeça intensa, um mal do estômago. Mas há transes mais leves, em que o espírito passa apenas a ideia.

Além de componho músicas inspiradas. Outro dia estava caminhando na Praia de Boa Viagem e olhando para o firmamento, aquele azul lindo, agradecendo a Deus a oportunidade de usufruir. Então, o espírito me disse: É a bondade de Deus. Eu comecei a cantarolar a letra e a música e quando eu cheguei em casa, fechei a porta e escrevi a letra. Está no meu segundo CD, Paz para o mundo. Todas as músicas são inspiradas."


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Conviver com a mediunidade

"Para mim foi tudo tão bom. Na minha família a moralidade era muito séria. Não vivi em farra, tive uma vida preservada. Adoro Nossa Senhora e tenho uma fé muito grande nela. Eu quis ser freira, achava que era uma forma de vivenciar melhor os ensinamentos do Cristo, mas meu pai não permitiu, não queria os filhos distantes dele.
 

Eu tinha um senso moral e religioso desde criança. Sentia uma coisa muito bonita nas minhas orações, nas igrejas, me emocionava. Quando disseram que eu era médium, eu não queria saber disso de jeito nenhum. Depois que li Nosso lar, parece que eu sabia. Cada vez que eu lia mais, sentia uma influência mais próxima. Numa oração, num lugar de perigo, vinha uma intuição sempre muito certa das coisas. Nas primeiras vezes que fui ao centro notaram a diferença,  e eu passei a dar passes (imposição de energia com as mãos). Depois fui chamada para a reunião mediúnica e comecei a desenvolver e educar a mediunidade. A gente se habitua. Tanto faz sentir a vibração de um espírito como de um encarnado. E a casa espírita é o ambiente apropriado para este contato. Um bom médium é o agradável a todos os espíritos, dizem as obras de Kardec.

A gente tem que se cuidar, para receber a influência de um espírito iluminado que nos ajuda, como também, um sofredor, que a gente tem que ajudar. A prática mediúnica requer estudo e trabalho no bem. A espiritualidade, por exemplo, nos avisou que era preciso trabalhar pelo Lar de Clara e nós passamos a lutar, em busca de ajuda, para acolher, ensinar e alimentar as crianças (creche fundada pelo Gefa no Cabo de Santo Agostinho)".

Luz na Mente entrevistou César Perri, presidente da FEB

Antônio César Perri de Carvalho, presidente da Federação Espírita Brasileira, nasceu em Araçatuba (SP) e atualmente reside em Brasília (DF). Foi fundador de mocidade e de centro espírita, conselheiro e presidente da União Municipal Espírita de Araçatuba, diretor e presidente da USE – União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, secretário geral do Conselho Federativo Nacional e membro da Comissão Executiva do Conselho Espírita Internacional (CEI). Na entrevista que se segue, César Perri fala à revista A luz na Mente sobre os desafios que enfrentará para coordenar o Movimento Espírita Brasileiro.

A Luz na Mente – Considerando a disseminação do Evangelho com as fundações de “igrejas”, visitas e, sobretudo, intercâmbios epistolares de Paulo de Tarso com os “chefes” dos núcleos cristãos, pode-se identificar, nos primórdios do Cristianismo, um movimento organizado para a Unificação dos postulados da Segunda Revelação?

Antônio César Perri de Carvalho – Nós identificamos claramente, nos primeiros cristãos, um trabalho que nos serve de inspiração e que estamos estimulando presentemente. Guardadas as devidas proporções, acreditamos que haja semelhança entre o trabalho dos cristãos primitivos e o Espiritismo. A rigor, a Codificação Espírita tem pouco mais de cento e cinquenta anos e isso é um período de tempo muito curto. A Doutrina se apresenta como Cristianismo Redivivo e o Consolador Prometido, que restabeleceria a Verdade e ensinaria algumas coisas a mais. Dessa forma, percebemos que os trabalhos pioneiros dos cristãos nos servem de estímulos, sim!
Quando Paulo de Tarso reunia os interessados do Cristianismo para o estudo da mensagem de Jesus, considerando as condições da época, fazia visitas, estimulava o intercâmbio, levava orientação e praticava trabalhos mediúnicos. Observemos que na Carta aos Coríntios consta a necessidade de “ordem no culto”. Quando olhamos as necessidades dessa “ordem”, claramente é como se fosse orientação para prática mediúnica, certa disciplina. Ao final do trabalho, quando percebeu que não teria mais condições de visitar a todos, Paulo foi inspirado pelo Espírito Estevão para minutar as epístolas, ou seja, estimulou o contato próximo, direto; todavia também à distância. Identificamos aí a origem, vamos assim dizer, daquilo que hoje nós praticamos na imprensa espírita.
Essa era a razão predominante, o objetivo dele em ajudar, apoiar e orientar os primeiros agrupamentos cristãos, inclusive para a prática da caridade no verdadeiro sentido da palavra. Recordemos que existia entre eles muita solidariedade – dessa forma encontramos entre os primeiros cristãos as bases que inspiram o Movimento Espírita atual, com um detalhe fundamental: naquela época não existia hierarquia, não existia uma organização que preponderasse sobre outra; isso surgiu muito mais tardiamente, daí ser importante olharmos a vivência dos primeiros cristãos e verificarmos aquilo que aproveitamos como parte de reflexão e de orientação para o Movimento Espírita atual.

A Luz na Mente – Allan Kardec comenta no item 334, Cap. XXIX, do Livro dos Médiuns, que a formação do núcleo da grande família espírita um dia consorciaria todas as opiniões e uniria os homens por um único sentimento: o da fraternidade. Estaria aqui o Codificador formulando alguma programação doutrinária visando a unidade dos espíritas por intermédio de instituições colegiadas?

Antônio César Perri de Carvalho – Allan Kardec trabalhou exatamente a ideia colegiada, e fala da fundamentação, do vínculo da fraternidade. Mas percebemos, igualmente, em “Obras Póstumas”, que ele nos orienta sobre o funcionamento das instituições. Anota sobre uma comissão não centralizada numa única pessoa e essa experiência que nos sugere foi uma ideia que serviu de referência para a atualidade. Notemos que a noção de presidencialismo, não só na questão político-partidária, como ocorre no Brasil, mas igualmente nas instituições espíritas, é um presidencialismo que às vezes excede o conceito do termo presidencialismo em si; muitas vezes chega a se confundir com o autoritarismo.
Allan Kardec chega a propor que as decisões institucionais sejam colegiadas; que se discuta, que se troquem ideias, e nós estamos vivenciando essa experiência aqui na FEB. Desde que assumimos primeiramente de forma interina em maio de 2012, e atualmente eleito, trabalhamos em conjunto com todos os diretores da FEB, fazendo reuniões com periodicidade muito curta e tratamos todos os assuntos e decidimos em nível de diretoria. Entendo que é uma experiência enriquecedora, facilita a tomada de decisões e evita, às vezes, determinadas tendências pessoais.

A Luz na Mente – Qual a diferença essencial entre Espiritismo e Movimento Espírita?

Antônio César Perri de Carvalho – O Espiritismo é a doutrina propriamente dita, composta pelas Obras Básicas e as chamadas obras complementares, que mantêm coerência com a Codificação, ou seja, o Espiritismo é a mensagem e a proposta. O Movimento Espírita é a ação; é realizado pelos encarnados. De maneira muito objetiva, Allan Kardec registrou na obra "A Gênese", Capítulo I, que o Espiritismo é de origem divina em face da ação dos Espíritos. Contudo, a concretização doutrinária se faz através dos homens, contributo da participação dos encarnados. Leon Denis, da mesma forma anota que o Movimento Espírita é de responsabilidade dos seres encarnados. Do exposto, e com base na Doutrina Espírita, temos que partir para a ação, e isso se efetiva no dia a dia, por isso somos os responsáveis pelas opções e atos. A decisão de agir ou não é nossa, dos encarnados, então o Movimento Espírita compete aos encarnados.

A Luz na Mente – Os princípios institucionalizados da Unificação inibem o ideário da União espontânea entre os espíritas?

Antônio César Perri de Carvalho – A rigor, não. Em 1949 foi definido através do Pacto Áureo um itinerário de ação, dando origem ao CFN – Conselho Federativo Nacional, que é composto pelas entidades federativas estaduais com base na obra de Allan Kardec. Hoje em dia, dentro do contexto da idéia de união e de unificação, podemos perfeitamente estabelecer propostas de união e de parceria entre várias instituições, somando esforços, e portanto não há necessidade, desde que haja propósitos comuns, de ficarmos na dependência de conceitos antigos de controles. Essa é a ideia.

A Luz na Mente – O Pacto Áureo ainda pode ser avaliado como o grande marco da Unificação?

Antônio César Perri de Carvalho – Pode ser considerado, sim, pois ele é genérico. Ele define a obra de Allan Kardec e decide também com base na obra “Brasil Coração do Mundo”. Os membros do Pacto chegaram à conclusão que o livro Brasil do Mundo Pátria do Evangelho mostrava qual seria a missão do Espiritismo no Brasil e qual a missão espiritual do Brasil também. É esse o roteiro que ele oferece. O Pacto não entra em detalhamentos, mas fala da União e criou o Conselho Federativo Nacional. Para o CFN funcionar ele foi primeiramente introduzido no Estatuto da FEB. Com a instalação do CFN, a área federativa da FEB é corporificada com a ação do CFN – é importante que saibamos disso. Então o CFN é que traz a orientação geral e define planos para o Movimento Espírita Nacional. Esse Conselho é presidido pelo presidente da FEB, mas é integrado pelas representações dos 27 estados.

A Luz na Mente – Quais os grandes desafios vistos para o Movimento Espírita brasileiro?

Antônio César Perri de Carvalho – Nós estamos vivendo vários desafios. A ideia de difundirmos o Espiritismo, na sua pureza, é um grande desafio, pois, como ficou claro, de várias orientações de Allan Kardec, sempre haveria alguma tendência natural de se valorizar pessoas, de se personalizar, e com isso, o que nós assistimos atualmente é que há uma diferença entre a proposta de Kardec e algumas práticas. Por exemplo, na Apresentação de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec explica que optou por não colocar o nome dos médiuns junto às mensagens e apenas colocou o nome dos Espíritos, a cidade e a data. Para Kardec era mais importante o conteúdo das mensagens do que o nome do médium. Infelizmente, notamos que hoje em dia muitas pessoas, antes de ler o texto, querem saber primeiro quem é o médium, ou seja, inverte-se a situação.
Urge buscar-se mais a coerência doutrinária e maior compatibilidade com a base da Codificação ao invés de ficarmos exaltando ou levantando fileiras em torno de médiuns A,B,C ou D, ou seja, temos que somar, independente de quem seja o médium, desde que a mensagem tenha coerência e esteja fundamentada nas obras de Kardec; esse é o grande desafio.

A Luz na Mente – Recentemente, um espírita latino-americano participou de um evento doutrinário realizado no Brasil, e o mesmo nos confidenciou que a coordenação do tal movimento “doutrinário” proíbe aos seus membros quaisquer contatos com espíritas não integrantes do grupo. Qual a sua opinião sobre esse procedimento de tais coordenadores?

Antônio César Perri de Carvalho – Essa postura é lamentável, pois em primeiro lugar ela fere a Constituição brasileira sobre o direito de ir e vir, ou seja, nenhuma pessoa pode ser impedida de se manifestar ou transitar no país. Em segundo lugar, ela não é uma proposta respaldada no Espiritismo, porque a Doutrina respeita, com base em Jesus, as diversidades e distintas realidades das pessoas, então, se eventualmente um de nós tiver uma visão ou interpretação doutrinária diferente, não podemos impedir que outro tenha a oportunidade de dialogar, conversar ou manifestar opções; caso contrário, seria um retorno a um processo, de certa forma, inquisitorial.

A Luz na Mente – O modelo federativo foi idealizado por mentes superiores, não temos dúvidas. O crescimento do Espiritismo gera distorções e perda na qualidade da mensagem e da prática espírita – é fato – fenômeno sociologicamente explicável. Boa parte dos dirigentes de casas espíritas nem sempre valorizam as ações dos órgãos de Unificação, atribuindo- lhes caráter meramente administrativo, burocrático, com pouco sentido prático. Considerando a sua larga experiência doutrinária, seja como fundador de mocidade espírita, conselheiro e presidente da União Municipal Espírita de Araçatuba, membro fundador de centro espírita, diretor e presidente da USE (União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo) e por fim presidente da Federação Espírita Brasileira, quais as ações que pretende desenvolver para aproximar a FEB das casas Espíritas?

Antônio César Perri de Carvalho – Reportarei a minha primeira experiência. Quando era muito jovem, assumi a presidência da União Municipal Espírita de Araçatuba – órgão da USE- São Paulo. Naquele momento batalhei contra essas dificuldades, porque o Movimento de Unificação era recente, tinha apenas 20 anos (pós Pacto Áureo). Nessas condições, havia uma certa confusão entre as lideranças espíritas, sobretudo de qual seria a função do órgão unificador. Alguns tinham receio de que seria um órgão controlador ou fiscalizador. Por outro lado, havia muitas pessoas (jovens) no Movimento de Unificação, que pensavam também assim, e ocorriam muitos conflitos.
As reuniões eram simplesmente administrativas, então quando assumimos a presidência da UMEA, dentro desse contexto, tornamos as reuniões minimamente administrativas e preponderantemente voltadas para diálogos, para as propostas de ação, juntando esforços, de tal modo que conseguimos descentralizar, fazendo as reuniões em rodízios pelos centros espíritas da cidade. Aproveitamos experiências para que elas se tornassem coletivas.
Essa a ideia que, guardadas as devidas dimensões, ainda seguimos, embora atualmente exista uma abrangência gigantesca e um grau de complexidade muito maior, mas mantivemos essa postura para tornar mais dinâmicas as reuniões do CFN. Vejamos, conseguimos suprimir a leitura de relatórios, e hoje as federativas encaminham um relatório por meio de um formulário eletrônico – transferimos para um DVD e distribuímos; desse modo utilizamos o espaço reunião para discutir planos de ação, e, assim avaliarmos situações que merecem discussão para o desenvolvimento espírita. Entendemos que esse seja o melhor caminho.

A Luz na Mente – Considerando que as sandálias de nosso Mestre Jesus sempre estiveram próximas aos necessitados e sofridos, e especialmente junto a esses irmãos em humanidade que Ele nos ofereceu provas de amor insuperáveis, e considerando que sobre a FEB repousam muitas esperanças, mas também expectativas, como atuará para se aproximar dos pobres e pouco instruídos na educação formal, dado que representam significativo extrato da sociedade brasileira?

Antônio César Perri de Carvalho – Essa é uma preocupação para a qual estamos procurando colocar a solução em prática. Há três anos consubstanciamos um projeto que se titulava “interiorização”, ou seja, estimulávamos a ação de representantes, diretores e colaboradores da FEB juntamente com uma federativa estadual para ir ao interior, não ficarmos só nas capitais. Assim, tive o prazer de conhecer duas cidades do interior do amazonas, uma delas viajando de barco durante duas horas, justamente para ter o contato com a realidade da base. Um desses centros que visitamos não possuía luz elétrica. A nossa participação à noite foi através do clarão de uma fogueira, porque para eles era uma ocasião especial, pois normalmente usavam a luz de velas.
Após essa experiência (interiorização), começamos outros projetos que seriam implementados, que são as ações integradas de acolhimento, consolo, esclarecimento e orientação no centro espírita, porquanto concluímos também que aquela ideia de departamento ou setor, ou seja, muita burocracia, não seria efetiva, até porque a grande maioria dos centros espíritas do Brasil são casas simples e pequenas, não tendo espaço nem condições para tais trâmites.
Assim, começamos a trabalhar em torno de um projeto, uma ação, um acolhimento junto a essas pessoas simples, além da ideia de valorizar os centros humildes, periféricos, pequenos, que às vezes não têm condições de manter os custos, mas podem perfeitamente seguir esses passos de acolhimento, consolo e orientação.
Nós estamos caminhando nesse sentido e aí recordo de um companheiro nosso que foi muito feliz na confecção de um cartaz com a imagem da formiguinha. Ele fez a comparação com a formiga e que nos remete a uma mensagem de Fenelon, no Cap. I do Evangelho Segundo o Espiritismo, onde o Espírito examina: “não são esses animálculos (formigas) que conseguem levantar o solo?” É a ideia do trabalho simples, mas persistente e em conjunto, isso que pretendemos disseminar.

A Luz na Mente – Suas palavras finais.

Antônio César Perri de Carvalho – As nossas palavras finais são de sugestão aos espíritas para que aproveitemos o momento que nós estamos vivendo, que é o período, segundo Emmanuel, de aferição de valores, e é um momento bastante delicado e sensível, porque nós temos os compromissos individuais e compromissos coletivos, e com relação ao Movimento Espírita, é muito importante lembrar o nosso trabalho respaldado no propósito de União, de concórdia e de benevolência recíproca. Então é isso que deve animar a nossa atuação conjunta no Movimento Espírita e no relacionamento com a própria sociedade. Fontes: http://aluznamente.com.br ;  http://www.autoresespiritasclassicos.com//

             http://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com.br/

Quando da sua posse na FEB

Nesta entrevista para o portal Nova Era, Marcel fala do livro e dos motivos que o levaram a se interessar pelo assunto:

Por que você resolveu escrever a biografia de Allan Kardec?

Por interesse jornalístico. Desde que iniciei minhas pesquisas sobre Chico Xavier, há 20 anos, mergulhei também no universo de Kardec – um personagem que sempre me intrigou. Ele se chamava Hippolyte Léon Denizard Rivail e era um professor cético, discípulo do educador Pestalozzi, na França do século 19 até ver mesas girarem, cestos escreveram, adolescentes colocarem no papel mensagens complexas demais para a idade e formação delas... Aos 53 anos, depois de pôr à prova estes fenômenos, ele mudou de vida e de nome para dar voz aos espíritos. O que transformou o professor Rivail no missionário Kardec? O que deu a ele tanta certeza sobre a existência e influência dos espíritos? A biografia – escrita com o máximo de objetividade – é a história desta “conversão”. Uma saga pontuada por altos e baixos, surpresas e decepções, fraudes e revelações.

Como foi a pesquisa? Você pode falar um pouco das fontes que você utilizou?


Li, é claro, toda a obra de Kardec – inclusive as obras pedagógicas do professor Rivail – e estudei a fundo todos os exemplares da “Revista Espírita”, escrita e publicada por ele ao longo de 12 anos. Esta foi a primeira etapa da pesquisa: um mergulho nas motivações, dúvidas e convicções de Rivail/Kardec. Na segunda fase de investigação, depois de ler os principais livros escritos sobre o Codificador, fiz uma série de viagens a Paris (quatro ao todo) para levantar informações históricas e resgatar artigos e reportagens de jornais e revistas da época sobre – e contra - Kardec e o espiritismo. O acervo de periódicos da Biblioteca Nacional da França me ajudou muito nesta etapa. Meu principal objetivo, como jornalista, foi reconstituir os obstáculos enfrentados por Kardec em sua Marcha contra o Materialismo e os principais ataques sofridos por ele ao longo de sua jornada: perseguições da Imprensa e da Igreja, que chegaram ao auge no Auto-de-Fé de Barcelona.

Você já tem dois livros com temáticas espírita, mesmo não sendo espírita, o que lhe traz credibilidade. O que falar desses temas e personagens tem mostrado pra você? Fale um pouco deste interesse.

O que mais me mobiliza – e me impressiona – no espiritismo não é o fenômeno, sempre sujeito a fraudes, mistificações ou enganos. O que mais admiro no movimento é a rede de solidariedade que ele sustenta e mantém cada vez mais viva e integrada. Ao mergulhar nas histórias de Chico e de Kardec entrei em contato com os conceitos e práticas que considero os mais relevantes e transformadores da doutrina. “Ajuda o outro e você estará se ajudando”, Chico receitava e praticava. “Graças a Deus aprendi a viver apenas com o necessário”, dizia. “Fora da caridade não há salvação”, decretava Kardec. “Trate o outro como você gostaria de ser tratado”, ensinava. O espiritismo aumenta, sim, a responsabilidade de todos nós diante da vida, ao nos tirar do próprio umbigo e nos colocar em contato com o outro. Estas são as principais lições do espiritismo pra mim. Hoje luto para ser menos egoísta e mais tolerante, apesar de não me considerar espírita.

Como você analisa o resultado final desta nova obra "Kardec"?

O livro acaba de sair da gráfica da editora Record - ficou pronto, aliás, em 3 de outubro, dia do aniversário de Rivail - e ainda estou, confesso, sem muito distanciamento para avaliar o resultado final. Encaro o livro como a minha versão da vida e da obra do professor – uma visão jornalística. Espero que os leitores que já conhecem Kardec através de outras biografias – e do estudo de sua obra -, reconheçam Kardec no meu livro e descubram também, em alguns capítulos, novidades sobre os obstáculos que ele enfrentou para organizar e divulgar a “doutrina dos espíritos”.

Tem alguma expectativa de como ela será recebida pelo movimento espírita?

Não sei como os espíritas vão receber o livro. É sempre um enigma para mim a reação dos leitores: espíritas ou não-espíritas. Tento sempre escrever o livro mais consistente e independente possível. Como jornalista luto para me ater aos fatos sem fazer juízos de valor. Deixo ao leitor a liberdade - e a responsabilidade - de chegar às próprias conclusões. Cada leitor, espírita ou não-espírita, terá uma leitura diferente do livro, de acordo com sua fé ou falta de fé. Espero apenas que os leitores espíritas reconheçam no livro o Kardec que já conhecem tão bem e encontrem novas respostas – e caminhos – nesta investigação.

Fonte: http://www.se-novaera.org.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=1466#.UlPH-BYBB5o.facebook

Allan Kardec será retratado no cinema

MARCEL SOUTO FALA SOBRE KARDEC, CHICO E ESPIRITISMO

O escritor e seu livro mais famoso

Reproduzimos a seguir uma entrevista com o escritor e jornalista Marcel Souto Maior, autor dos livros As Vidas de Chico Xavier (2003), Por trás do véu de Ísis (2004) e As Lições de Chico Xavier (2005). Marcel, que viu na biografia do médium Chico Xavier a possibilidade de um trabalho de rica pesquisa jornalística, fala do que descobriu sobre o tema, de como o O Livro dos Espíritos lhe influenciou nas pesquisas e da figura e a importância de Allan Kardec para o Espiritismo, assunto a que volta e meia ele retorna:

"Não tenho nenhuma religião, mas tenho fascínio por este tema: a fé...", diz.

Atualmente, ele está lançando um novo trabalho, a biografia de Allan Kardec.

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Como você avalia a evolução da fé espírita no país?

A cada ano, cada livro e cada filme lançados, o Espiritismo atrai novos adeptos e admiradores. O Brasil já abriga mais de 10 mil centros espíritas kardecistas. Cada “casa” destas funciona como um centro de estudos e divulgação do espiritismo e como um pólo de solidariedade. Uma rede cada vez mais ativa e integrada. Hoje mais de 5 milhões de brasileiros já se declaram espíritas kardecistas nas pesquisas do Censo... O número de simpatizantes é estimado em 30 milhões só no Brasil.

Seus livros sobre o tema Espiritismo foram lançados no início dos anos 2000. Agora eles voltam a ser lembrados e comentados a partir do lançamento de alguns filmes nacionais. Você identifica um novo interesse da sociedade brasileira em relação às questões espíritas? A que se atribuiria esta "retomada" do assunto?

O lançamento de filmes e livros, o destaque dado a Chico Xavier no ano de seu centenário – todos estes “eventos” ajudam e muito. Mas por trás desta retomada existe uma questão maior: uma imensa esperança de que a vida seja mais do que este nosso dia-a-dia estressante, às vezes sem sentido, rumo ao fim.

Estamos todos condenados à morte ou a vida continua?

O Espiritismo aposta na melhor hipótese e, por isso, mobiliza tanta gente. 

Você já declarou, algumas vezes, que não é espírita, e que sua abordagem sobre o tema sempre foi do ponto de vista jornalístico. Por conta desse distanciamento, e mesmo por ter partido do "zero conhecimento" para chegar ao que hoje você dispõe, o que você acha que leigos no assunto não deveriam ignorar? Há alguma "descoberta" sobre o Espiritismo que acha que seria bom que todo mundo soubesse?

Nestes 15 anos de pesquisa – e de investigação jornalística -, encontrei fraude e auto-sugestão neste território movediço onde “vivos e mortos” se cruzam, mas deparei também com histórias impressionantes, desconcertantes e inexplicáveis pra mim. Histórias que conto na introdução de “As Vidas de Chico Xavier” e no livro “Por Trás do Véu de Ísis”. A conclusão a que cheguei é esta: existe fraude e má-fé sim, mas existem verdades que devem ser encaradas por todos nós – inclusive pela ciência – com mais coragem e menos preconceito. 

O que o motivou a pesquisar e escrever sobre figuras e temas do Espiritismo?

Foi interesse jornalístico mesmo. A história de Chico é irresistível. Ele escreveu mais de 400 livros, vendeu mais de 20 milhões de exemplares e doou toda a renda dos direitos autorais a instituições beneficentes. “Os livros não me pertencem. Eu não escrevi nada. Eles – os espíritos – escreveram”, repetiu ao longo de toda a sua vida, enquanto era atacado, perseguido e até processado. Aos que diziam que mais cedo ou mais tarde ele cairia, desmascarado como fraude, por exemplo, Chico dizia: “Não vou cair porque nunca me levantei”. Morreu na cama estreita de seu quarto simples em Uberaba.

Como O Livro dos Espíritos marcou a sua pesquisa?

O O Livro dos Espíritos é fundamental para quem quer entender a origem, a lógica e o sentido da Doutrina Espírita. Li e reli várias vezes para conseguir decifrar Chico Xavier. Durante toda a vida ele se dedicou a seguir os principais valores descritos/defendidos no livro de Allan Kardec: a fé na vida depois da morte, o valor da caridade, a importância do trabalho em favor do outro. 

Você já falou do potencial de Chico Xavier como personagem de uma pesquisa jornalística. E Allan Kardec? Como vê esse "personagem"?

É outro personagem muito forte. Eu resumiria a história dele com poucas palavras: “Ele nasceu Hippolyte Léon Denizard Rivail na França do século 19. Sempre foi cético. Um professor respeitado em seu tempo, discípulo do educador Pestalozzi. Até que mesas começaram a girar e mensagens passaram a chegar de muito longe... Com 54 anos, depois de testemunhar estes fenômenos – batizados de “mesas girantes” -, Rivail mudou de vida e de nome. Tornou-se Allan Kardec para dar voz aos espíritos...” A história de Kardec é a história de uma conversão.

O trabalho com o tema Espiritismo modificou sua forma de encarar o mundo/as pessoas/questões relativas à espiritualidade? Você passou a acreditar em algo em que não acreditava antes?

Eu era um “cético absoluto” quando me aproximei de Chico Xavier pela primeira vez. Hoje digo que minha fé “não é consolidada”, é cheia de altos e baixos... Às vezes acredito na possibilidade da “vida depois da morte”, às vezes duvido totalmente, mas esta nova “posição” já é um avanço para quem não acreditava em absolutamente nada há 15 anos.

Qual a sua crença religiosa?

Não tenho nenhuma religião, mas tenho fascínio por este tema: a fé.

Fontes: 
http://www.radioboanova.com.br/site/noticias-destaque/filme-sobre-allan-kardec-em-breve

Comunicação Social FEB -  http://www.febnet.org.br/blog/geral/divulgacao/comunicacao-social-feb/em-breve-filme-sobre-allan-kardec/ 

http://www.partidaechegada.com 

O “ESPÍRITA MINEIRO” ACOMPANHA ARNALDO ROCHA EM VISITA A PEDRO LEOPOLDO

Através de encontros fraternos com os velhos amigos, o passado aflorou em memória, e a equipe do Espírita Mineiro brinda ao leitor amigo registrando esses singelos momentos, através de uma entrevista.


EM. Arnaldo como é a emoção e retornar a Pedro Leopoldo, berço da simplicidade da família de Chico Xavier?

AR. É muito grande. A primeira vez que vim a P.Leopoldo foi a convite de Chico Xavier. Recordo-me, como se fosse hoje, quando descemos na estação de trem em um fim de tarde de outono. O céu estava claro e os raios dourados do sol emolduravam as nuvens poetizando assim um belo por do sol. Voltei para a nossa Alma Querida e disse: “As nuvens tomam o formato do nosso campo mental. A meu ver, parece uma coroa”. Em seguida olhei nos olhos de Chico, que observando a tela majestosa, completou o meu pensamento com uma pequena frase que só mais tarde compreenderia: “É a coroa da vida.”Quando chegamos, mais tarde, na casa de Chico, fiquei impressionado com a recepção carinhosa e fraterna de seus familiares, especialmente naquele dia, suas irmãs Dora, Cidália e Lucilia, estavam eufóricas. Tomamos leite queimado na panela, onde fora feito anteriormente o famoso angu. Comemos ainda bolo de fubá e pão de queijo, comida típica em Minas Gerais. A noite, quando fomos passear pelas ruas da cidade, Chico confidenciou uma passagem que não havia ainda relatado: “Naldinho, não repare não. Essa alegria contagiante é fruto de um passado distante. Pelo menos em duas ocasiões, você foi pai de minhas atuais irmãs. Os Benfeitores espirituais se reportam ao século XVI e XIX, em um país penissular. É a Coroa da Vida, meu filho,  que nos reúne sempre sob o império do amor.”


EM: No momento em que você chegou de frente ao Luiz Gonzaga, percebemos lágrimas deslizarem por sobre sua face. Você poderia brindar-nos com mais uma história?

AR. As construções e as pessoas induzem a reminiscências de muito valor para o meu pequeno coração. Olhar o Centro Espírita Luiz Gonzaga, me fez recordar a princípio de dois diletos amigos, Rômulo Joviano, antigo patrão de Chico e de seu cunhado Lindolfo Ferreira. Quando estávamos construindo a nova sede, um determinado dia, eu e Chico nos deparamos com uma discussão acalorada entre os dois confrades. Quando eles perceberam a presença de Chico, ficaram envergonhados e cessaram o embate. Nesse instante, Chico lhes disse fraternalmente: “A discussão não é para destruir. Pelo contrário, deverá ser para construir o templo da fé.” Posteriormente Chico me confidenciou: “Eles estão revivendo os tristes momentos da invasão de Tito em Jerusalém, quando os soldados romanos destruíram o grande templo dos judeus. Rômulo, fora o senador Pompilo Crasso, amigo de Publios Lentulos, e Lindolfo, o judeu André de Giorias. Essa história completou Chico, está narrada por Emmanuel no livro Há Dois Mil Anos.”

Nessa casa abençoada, vivemos instantes marcantes de nossa atual encarnação. Foi ali que presenciei as inesquecíveis reuniões de materializações luminosas. Conversamos com o Alferes Xavier, Tiradentes. Abraçamos minha ex-esposa Meimei. Vislumbramos o Espírito de José Grosso sair da parede e responder uma inesquecível pergunta: “Jose Grosso com foi isso?” “Sei lá. Emmanuel mandou e eu fiz.” A fantástica materialização de Emmanuel. Nesse episódio gosto de citar um ponto científico da manifestação espiritual. Chico era baixo e no momento do transe, uma luz começa a projetar o vulto luminoso de dois metros de altura, corpo atlético. Um homem bonito, voz enérgica e doce. Portava uma tocha incandescente a mão. Foi nesse dia que o Senador, proibiu os fenômenos, pois o compromisso do médium era com o livro. Vocês não imaginam como Chico ficava desgastado. Sua roupa ficava ensopada e sua fisionomia era de uma palidez cadavérica. Cheguei a ombrear os passos de Chico até sua casa, tamanho o cansaço.


EM – Arnaldo Rocha, qual era a postura do médium, após os acontecimentos transcendentais através da sua mediunidade evangelizadora?

AR. O que mais impressionava em Chico, não era propriamente o fenômeno, rico em qualidade e autenticidade científica, mas a sua simplicidade e naturalidade no trato com o mundo espiritual.

Citarei uma situação muito especial, vivida por sua família e que eu fui testemunha. Foi o desencarne de sua irmã Neuza. Um mês antes da sua partida, Chico reuniu os irmãos e narrou seu encontro no plano espiritual com Maria João de Deus, sua mãe, e Dona Cidália, sua madrasta. Elas afirmaram que alguém da família iria desencarnar. Foi um espanto geral, pois ninguém estava doente. Alguns dias passaram, ninguém estava lembrando do aviso, Chico pediu que as irmãs convidassem Neuza, residente na cidade de Sete Lagoas, para um passeio em Pedro Leopoldo. Atendendo o convite, para surpresa dos irmãos, semana seguinte Neuza ficou enferma. Muitas dificuldades sucederam nas semanas seguintes, até a noite que antecedeu o desencarne e que para mim ficará gravada para sempre. Chico reuniu em torno da cama, eu, Lucilia e seu marido Pacheco, para ministrar o passe magnético. Logo que fizemos a prece, a luz foi apagada. Em seguida, senti objetos suaves e úmidos caírem sobre os meus braços. Achei estranho, mas continuei em prece e no passe. Ao termino, a luz foi acesa e o susto foi enorme. Todo o quarto estava repleto de pétalas de rosas de variadas cores. O mais interessante era que todas as pétalas estavam envolvidas pelo orvalho da noite. Lembro-me, ainda, de Neuza dizendo, com lágrimas nos olhos: “Eu vi as flores caindo da luz centrada no teto”.

Todos nós procuramos Chico, em busca de explicações, e ele como sempre fazia, se esquivou dizendo “Agradeçamos o amor de Deus, pois não merecemos tantos presentes.”

Na manhã seguinte nossa companheira partiu para o reino das rosas nos céus.

Após tantos anos eu ainda me pergunto: “Como ele deve ter sofrido! A dor mais doída de Chico sempre foi dor do próximo, e ele estava diante do sofrimento pela partida da sua irmã Neuza. Além disso, foi o instrumento para preparar seus familiares, respeitando o momento de cada um sem causar impactos.

Amigos, o que possa salientar depois de tantos anos de reflexão, é que a alma cândida de Chico estava sempre acima do médium Francisco Cândido Xavier, diga-se de passagem, que foi fiel instrumento dos Espíritos.

Ele foi uma mãe para suas irmãs, na falta de Cidália Batista. Era confidente, orientador e colo nos momentos de aflição. Foi o filho da ternura de seu pai. Esteve presente também na alegria em família. Amigo dos homens e irmão dos que sofrem. Este foi e será sempre o amigo que modificou o meu errante coração.


EM – Arnaldo Rocha, ao longo do trabalho mediúnico de Chico Xavier, foram escritos muitas obras sobre a sua vida. Por se ele um fenômeno inquestionável, muitos trabalhos por certo ainda serão realizados. O que você gostaria de orientar os trabalhos que poderão vir a serem  desenvolvidos?

AR: Como tenho exposto ao longo da minha atual jornada terrena, depois de ter conhecido a Doutrina Espírita, através da nossa alma querida, é que não me sinto em condições de orientar a ninguém, a não ser dignificar a minha vida através da vivência do Evangelho de Jesus.

Como a misericórdia de Deus, me ofereceu a oportunidade de viver na intimidade de Chico, na era luz de Pedro Leopoldo, junto ao grupo de Amigos, no qual se destacava o carinho e a união, lanço uma lição advinda do amor e da energia de Chico Xavier.

Assistia uma reunião na qual Chico psicografava em Uberaba, e durante a mesma, um companheiro de ideal, responsável pela explanação do Evangelho, utilizou do espaço para enaltecer o médium de Pedro Leopoldo. Durante todo o tempo ele foi tão brilhante na mitificação de Chico, que levou o público às lágrimas. Enquanto o fato se desenrolava, observei que o médium, em seu trabalho, passava maus momentos. Lápis quebravam, papeis eram rasgados pela celeridade da psicografia. Ao terminar os trabalhos da noite, registrei a seguinte cena, a distancia, Chico discretamente entrou em uma sala contígua com o expositor da noite. Após alguns minutos, os dois saíram, enquanto Chico veio concluir o trabalho através das suas conhecidas despedidas calorosas o companheiro se retirou cabisbaixo.

Retornando a sós com Chico para sua casa, onde havia me hospedado, logo questionei: “Meu filho, você me conhece, e sabe que não passo em branco, o que aconteceu? Resposta, direta, demonstrando certa tristeza na alma. “Naldinho, são tantos anos de trabalho que não precisamos dizer muito, não é? Não posso admitir que fiquem exaltando uma condição que não atingi e. você conhece bem minha jornada pregressa. Além do mais, missa de corpo presente machuca o coração. Olha, eu ainda não desencarnei. Imagine só, depois que eu partir? Enquanto falam de um tal de Chico, deixam de falar em Jesus Cristo. Por isso, Allan Kardec deve ser estudado por nós espíritas cotidianamente. Ele deixou claro, na Codificação, tudo o que precisamos realizar para que o Nosso Senhor Jesus Cristo seja vivenciado em Espírito e Verdade.

Jamais esquecerei esse ensinamento.

É maravilhosa a obra legada por Chico, principalmente por ter ele vivido em plenitude a essência de tudo que foi instrumento na atual romagem. Um dia, no momento certo, poderemos contar os registros que  jazem guardados nos escombros do tempo.

Por agora,  o caminho é não divinizá-lo. Procurar todos nós, compreender as suas lutas. Aproximar de seus sonhos, vivenciando as obras legadas pelos Espíritos, de caridade, de respeito, e de consciência cristã.

É imprescindível deixar a paixão e as polêmicas e nos unirmos, todos, nos aspectos humanizados de Chico Xavier. Lembrando que foi essa a essência que ele procurou expressar na energia e na candura dos seus atos.

Quando sua segunda mãe, Cidália, estava partindo para o plano espiritual, chamou seu querido filho e lhe disse: “Chico, estou indo embora, para o mundo que tanto ensinastes ao meu pobre coração. Peço a  você que assuma o meu devotado papel, sê a mãe de seus irmãos.”

Esse mandato ele levou até o fim.

Devemos viver a vida com humildade, simplicidade e dignidade, respeitando a condição evolutiva do semelhante e amando-nos uns aos outros como Jesus nos tem amado, e prestar a atenção no mandato que foi depositado em nossas mãos.

Assim seremos ovelhas reunidas por um só pastor.

Despretensiosamente endereço essas narrativas, como um preito de amor a Francisco Candido Xavier, para todos aqueles que venham falar e escrever sobre, nossa alma querida.

Lembremos de Chico Xavier como uma alma cândida, que jamais aceitou qualquer elogio, apenas reconhecimento e amizade.

Por isso ele repetiu uma frase em vários momentos em que fora homenageado:

“Sou igual a um cabide que tem a única função de carregar os prêmios, pois eles estão sendo entregues a Doutrina Espírita e aos seus Lídimos representantes do Mundo Espiritual”. 

Fonte: Jornal o Espírita Mineiro.

Entrevista "Doenças e mediunidade"
(Dr. Sergio Felipe de Oliveira)

...A nossa atividade sensorial está captando o mundo espiritual e não estamos percebendo por falta de exercício, assim como, você está ouvindo uma orquestra e alguém te fala que tem uma nota desafinada, e você diz que não está ouvindo o violino desafinado... somente depois de estudar música e educar o ouvido poderá ouvir uma nota desafinada... (Programa Transição) - Veja a entrevista completa.

 A Glândula Pineal - Novos conceitos e avanço nas pesquisas.
(Dr. Sergio Felipe de Oliveira)

...Pensar que o cérebro produz o pensamento é a mesma coisa que achar que os atores moram dentro do televisor... o pensamento não pode nascer dentro do cérebro, ele tem que vir de fora e ser instalado no cérebro... a consciência vem de fora do corpo... Qual foi o trabalho científico que provou o materialismo? Em qual laboratório foi provado o materialismo? Não temos nenhum trabalho científica que tenha provado que o materialismo seja uma realidade existêncial...  

 Continua ->


-> Continuação

Qual foi o trabalho científico que provou o materialismo? Em qual laboratório foi provado o materialismo? Não temos nenhum trabalho científica que tenha provado que o materialismo seja uma realidade existencial... 

O materialismo não teve prova científica... Quando um cientista coloca uma visão materialista, é uma opinião pessoal dele e não uma opinião da ciência.

Se o médico se diz materialista, é opinião pessoal dele. Não é a opinião da medicina, porque, espiritualidade é um campo aberto a pesquisa científica...

Ficou curioso, então, clique no link abaixo e veja a palestra completa.

http://youtu.be/9hwsfO9lgH4

A conquista da Paz


Perguntas elaboradas por Waldenir Aparecido Cuin e respondidas por:

Carlos BaccelliDivaldo FrancoHenrique RodriguesRaul Teixeira e Richard Simonetti.


P: - Por que o homem insiste em utilizar os conhecimentos científicos para desenvolver a tecnologia da guerra, que desencadeia rios de lágrimas, considerando-se que a ciência deveria buscar o bem-estar da Humanidade?

R: – Essa situação é simples resultado do contraste entre o superdesenvolvimento intelectual do homem e seu subdesenvolvimento moral.  Somos capazes de subir à Lua, mas não conseguimos elevar-nos alguns centímetros acima das paixões humanas. (Richard Simonetti).

R:– Bem, o homem não se tem dedicado só à ciência da guerra.  Grande parte tem se devotado à pesquisa de novos medicamentos, às cirurgias de transplantes.às comunicações.  Mas, evidentemente, o ser humano tem sede de poder, de domínio, porque com este ele se sente mais seguro para explorar melhor os outros, em seu próprio beneficio.  É por isso que tem sido sempre observado esse desejo de conquista do poder, mesmo que seja pela força das armas. (Henrique Rodrigues).


P: – O homem tem alcançado notáveis conquistas no campo cientifico, mas ainda não conquistou a paz.  O que está faltando?

R: – A viagem para o seu mundo íntimo.  O tecnicismo, a tecnologia e os valores da inteligência devem ser considerados conquistas da horizontal, mas o homem é algo mais do que modismo e repetitismo.  É o mergulhador do oceano de valores para descobrir quem é, o que pode fazer de si, e, acima das conquistas externas, conquistar-se a si mesmo, porque o desafio de Delphos, de mais de dois mil e quatrocentos anos, continua válido: “conhece-te a ti mesmo”. (Divaldo Pereira Franco).


P:O mundo todo grita pela paz.  No entanto, os arsenais bélicos continuam grandes e a ameaça da guerra de extermínio ainda ronda as nações.  Como encontrar a paz?

R: – A paz tem sido buscada de uma forma equivocada.  Pensa-se que a paz pode ser alcançada através de assinaturas de documentos, através de acordos governamentais.  Enquanto essas coisas ocorrem, nós estamos vivendo em guerra de extermínio, muitas vezes dentro do próprio lar.  A grande guerra, que destrói e apavora, distante ou próxima de nós, é a que começa no descompasso dos casais, dentro de casa; na violência entre pais e filhos; no desrespeito entre irmãos; na traição entre amigos.  É tudo isso que faz evolar-se da criatura humana esse plasma vibratório, essa energia ou esse fluido que vai nutrir as cabeças belicosas que estão chefiando os povos do mundo.  Dessa maneira, para que nós atinjamos de fato a paz, não será necessário assinar documentos, mas assumirmos com nós mesmos os compromissos de realiza-la.  Quando Tereza de Calcutá foi viver na Índia, depois da Segunda Guerra Mundial, para atender aos mais necessitados, ela sabia da situação difícil que haveria de enfrentar, trocando uma vida de maior comodidade por uma vida de tormentas, de lutas. Mas isso a fazia feliz pelo impulso de servir ao Cristo no meio dos mais pobres. 

Quando Francisco Cândido Xavier assumiu a tarefa da mediunidade, do socorro aos necessitados espirituais, de um modo geral, ele sabia da luta que haveria de enfrentar e dos combates que deveria travar contra os maus. No entanto, a sua paz interior vai crescendo cada vez que ele assume e mantém, com coragem e disposição, esse trabalho que já dura mais de seis décadas.  Quando Divaldo Pereira Franco decidiu criar filhos da carne alheia, fazendo campanha entre populares, e trabalhando ele próprio para esse mister, sabia das lutas árduas que iria enfrentar, das calúnias que iria sofrer.  Mas, com a paz interior que o caracteriza, resolveu assumir e é hoje um homem feliz pelos frutos já colhidos da árvore do seu trabalho.  Quando Gandhi decidiu trabalhar pela paz, sabia que estava ameaçado de morte, a qualquer momento. Mas deu a sua vida para que a paz se estabelecesse entre os seus.  Quando Pierre Dominique L’Overture resolveu fugir, na condição de escravo que era das propriedades dos Condes de Nois, na França, e voltar para o Haiti, para expulsar dali os franceses e espanhóis, sabia que a morte o rondava.  E, logo mais, de fato, seria capturado pelas forças de Napoleão, terminando seus dias na prisão.  Todos eles sabiam, tinham a convicção de que a paz não se alcança com acomodação, não se resolve num gabinete de conversas, mas que a paz é um trabalho da intimidade das almas.  Enquanto o homem assina papéis e não refaz a palavra, não reestrutura sentimentos, não revê procedimentos, ele assina decretos, mas não consegue vivê-los, colocá-los em prática.  Quando vemos, dessa forma, os tratados de armistícios que são assinados entre papéis de guerra, quando vemos as decretações de paz que são feitas sob a guarda de canhões e metralhadoras, com o pavor de que se apertem os botões assassinos, acreditamos que essa paz assinada é uma paz mentirosa.  A paz verdadeira é aquela que se estabelece, a priori, na alma das criaturas.  E foi por isso que Jesus asseverou: “a minha paz vos deixo, a minha paz vos dou.  Não vo-la  dou, porém, como o mundo a dá”.  Emmanuel, comentando mais tarde essa passagem, através de Francisco Cândido Xavier, dizia: “a paz do mundo costuma ser preguiça rançosa a exterminar-se na putrefação dos cadáveres.  A paz do Cristo, porém, é trabalho constante em prol do bem”. (José Raul Teixeira).


P: – Qual a receita ideal para que venhamos a encontrar a paz que almejamos?

R:– A receita ideal é a do Cristo: “amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”.  Somente através do amor, da compreensão, do bem, da renuncia e da renovação íntima é que o homem estará em paz com ele mesmo. (Carlos Baccelli).


P: – As últimas conquistas cientificas melhoraram e facilitaram sensivelmente a vida do homem.  No entanto, não proporcionaram paz às famílias, à sociedade, e, tampouco, às nações.  O que estaria faltando para o homem ser feliz?

R: – Falta-lhe exercitar a faculdade que o distingue dos animais: a reflexão, buscando, como ensina a sabedoria grega, conhecer-se a si mesmo. (Richard Simonetti).


P: – O homem sonha com a felicidade. Por que não a consegue?

R:– Deixo a resposta com Vicente de Carvalho: “porque está sempre apenas onde a pomos, e nunca a pomos onde nós estamos”.  (Richard Simonetti).                                                                                               

Fonte: site www.plenus.net

CONVERSANDO COM ARNALDO ROCHA SOBRE CHICO XAVIER


Em um preito de amor, carinho e sentimento de gratidão, ante estes dois anos de desencarnação de Chico Xavier – fiel trabalhador do Evangelho na Seara Espírita – que se completam no próximo dia 30 de Junho, o Espírita Mineiro entrevista um de seus mais íntimos e fiéis amigos dos primeiros tempos: Arnaldo Rocha – Conselheiro da União Espírita Mineira e cooperador assíduo de suas reuniões e atividades doutrinárias.

1)     EM – Arnaldo Rocha, grande parte dos espíritas sabe de sua amizade com Francisco Cândido Xavier, por isso gostaríamos de iniciar nossa entrevista pedindo a você que narre o seu primeiro encontro com o médium de Pedro Leopoldo.

AR – Foi na tarde de 22 de Outubro de 1946, exatamente 21 dias após o desencarne de Irma de Castro, nossa querida Meimei. Subindo a Av. Santos Dumont, em BH, esbarrei fortuitamente em um moço simples que caminhava em sentido contrário, derrubei os seus pertences e quase o joguei no chão. Após recolher os objetos espalhados, pedi-lhe desculpas. Foi quando o reconheci, já que acabara de ler uma reportagem da revista “O Cruzeiro” a respeito do médium de Pedro Leopoldo. Fiquei tão emocionado, diante daquele moço, que meu coração dizia já conhecê-lo de algum lugar. Chico me olhou com ternura e pronunciou uma frase que um recém-viúvo jamais poderia esquecer: “Escuta, Naldinho” — não é assim que Meimei lhe falava? Ela está aqui concosco, radiante de alegria pelos seus 24 janeiros, ou melhor, ela diz 24 primaveras de amor! Hoje não é o dia do aniversário da Meimei? Deixa-me ver o retrato dela que você traz na carteira”. Fiquei estupefato, eram detalhes que só nós dois – eu e minha falecida esposa – sabíamos. Foi assim que se iniciou nossa grande amizade.

2)     EM – Nos idos dos anos cinqüenta, você, o Clóvis Tavares, o Wallace Leal V. Rodrigues, José Gonçalves Pereira, Joaquim Alves (Jô), e o Ênio Santos formavam um grupo seleto de amigos íntimos do médium. Sabe-se, inclusive, que Chico sempre os convidava para preces e diálogos reservados, no seio da natureza, como por exemplo no açude de Pedro Leopoldo (onde pela primeira vez Chico vira o benfeitor Emmanuel). Como eram esses encontros e o que geralmente ocorria neles?

AR – Nossos diálogos sempre foram pautadas no espírito de amizade, lealdade, alegria e constante aprendizado. Conversávamos sobre diversos assuntos, desde ciência, política, história, religiões e principalmente sobre nossa querida Doutrina Espírita, tendo como encaminhamento final do assunto o Evangelho de Jesus. Nesses encontros, a presença dos benfeitores espirituais era marcante. O que mais me impressionava eram as observações e orientações dos mesmos, acerca dos assuntos nos quais nossas limitações impediam mais altos vôos. Assim, quando o assunto, por exemplo, era história, ao final dos diálogos, os amigos espirituais nos apontavam os erros históricos, os ingredientes que oferecem sentido às incongruências. Havia ocasiões em que traziam narrativas que os homens encarnados desconhecem. Tenho muitas saudades dos momentos vividos junto àqueles amigos, especialmente o Chico por peça principal e aglutinadora.

3)     EM – A facilidade e a segurança com que o inesquecível médium mineiro entrava em relação com o Mundo Espiritual, sobretudo com suas vivências passadas, e ainda com o passado das pessoas que o cercavam, é um fato. Como ele administrava essas prerrogativas mediúnicas, e com quem partilhava essas reminiscências e revelações?

AR – A mediunidade do Chico pode ser classificada em diversos ciclos. Em nossa época, ela foi marcada pelas revelações do passado, em razão dele estar psicografando os romances de Emmanuel, e os livros de André Luiz. É interessante observar como as transições na vida do Chico ofereciam-lhe oportunidade de conviver exatamente com os companheiros que fizeram parte dos seus dramas no passado. Com isso, as irradiações específicas emanadas por estes amigos lhe auxiliavam, de alguma sorte, na aproximação de entidades espirituais, bem como na abertura de painéis psíquicos, com suas respectivas reminiscências.  Dentre estes companheiros, o médium recebeu verdadeiros pais, educadores, irmãos, como também aqueles que expressavam muitas dificuldades. Dentre os benfeitores citados, não posso deixar de citar o Dr. Rômulo Joviano, José Xavier, Cícero Pereira, Rubens Romanelli, o nosso querido Ênio Santos, e muitos outros que a memória não nos auxilia a citar neste instante. Por nossa vez, em companhia de Clóvis Tavares, Wallace Leal, José Gonçalves Pereira e Joaquim Alves (Jô), travamos luminosos diálogos com o médium, que enfeixavam revelações do passado espiritual de todos nós, inclusive o dele próprio, nosso Chico. Ele nos apresentava seus conflitos pessoais, os seus sonhos, e não escondia suas limitações. Havia uma unanimidade entre nós, nossas vidas eram transformadas, em função das benesses recebidas.

4)     EM – Foi você quem, pela primeira vez, levou o tribuno Divaldo Franco a Pedro Leopoldo. Como era a relação dos dois medianeiros da Espiritualidade Maior? Há algum fato marcante desses encontros que você queira nos contar?

AR – Agradeço muito a Deus por ter vivido aquele momento. Foi uma oportunidade marcante o primeiro encontro com Divaldo em Pedro Leopoldo. Após nossas atividades doutrinárias, ficamos nós dois hospedados na casa de Luiza (irmã do Chico). Nessa noite ficamos até às 4 horas da madrugada conversando. Chico estava tão alegre com a presença fraterna do Divaldo que, especificamente naquela noite, confidenciou muitas revelações de seu passado espiritual ao orador baiano — revelações que normalmente ficavam restritas ao nosso convívio íntimo, como por exemplo suas experiências vivenciadas na Espanha do século XVI, no reinado de Fernando e Isabel, os reis católicos. A amizade entre os dois servidores do Espiritismo era pura manifestação de confiança e amizade entre eles. O Divaldo nunca deixou de reconhecer o trabalho missionário de Chico, e nossa Alma Querida sempre incentivou a tarefa nada fácil do reconhecido orador e médium baiano.

5)     EM – Foi por uma sugestão especial do próprio Chico que você se vinculou ao quadro de servidores da União Espírita Mineira? Você poderia nos contar quando e como isso aconteceu?

AR – Na realidade foi o Dr. Camilo Rodrigues Chaves quem me convidou para fazer parte do quadro de trabalhadores da UEM, mas não posso deixar de registrar o apoio constante do Chico, que sempre me falava dos compromissos que eu tinha com essa querida Casa, que tem a missão de unir, em torno do Evangelho, os espíritas das Gerais.

6)     EM – Após a mudança do Chico para Uberaba, você continuou a visitá-lo e a se corresponder com ele?

AR – Visitava-o sempre que o tempo me permitia, mas freqüentemente nos falávamos por telefone, além da constante troca de correspondências.

7)     EM – Durante toda a sua existência, o iluminado médium de Pedro Leopoldo apoiou, com declarado carinho, o trabalho da Federativa de Minas (UEM). Como explicar esse respeito dele, bem como sua assistência contínua à União Espírita Mineira?

AR – A UEM é a Casa Máter do Espiritismo em Minas Gerais, por isso, sempre que convidado, Chico Xavier nos brindava com sua presença, e ele sempre ressaltava que a unificação dos espíritas deve começar pela união dos corações. Quando nosso Chico iniciou seu trabalho mediúnico, a União o apoiou incondicionalmente, a partir da gestão do inesquecível professor Cícero Pereira. Chico o amava de coração, tanto quanto à sua esposa, dona Guiomar, que o tinham por verdadeiro filho. Aí se sedimentou a reverência e o carinho de Chico para com a UEM, que se estendeu pelas gestões de Dr. Camilo Chaves, Dr. Bady e de nossa Neném Aluotto, até os nossos dias.

8)     EM – Tendo convivido tão intimamente com o Chico, e tendo dirigido, por tantos anos, em sessões íntimas, sua exuberante e evangelizada mediunidade, o que você recomendaria aos novos médiuns com relação ao trabalho e à divulgação da Doutrina Espírita?

AR – Cito uma frase do companheiro Deolindo Amorim, o qual aprendi a respeitar através da mediunidade do Chico, esperando que nossos irmãos médiuns reflitam em tão importante ensinamento: “Na minha última encarnação — dizia ele já desencarnado em nossas reuniões mediúnicas —, o Evangelho foi o livro de minha vida”. Complementando, de minha parte, digo que sigam o exemplo do Chico. Depois do primeiro contato com Emmanuel em 1931, o devotado médium seguiu-lhe, até os últimos instantes de sua vida, as três recomendações básicas ditadas pelo Senador: Disciplina, Disciplina, Disciplina. O médium necessita de simplicidade – foi o que Chico demonstrou na manjedoura de sua vida; necessita de humildade. Chico apagou-se o tempo todo para que os Espíritos falassem, além de ter delegado a pessoas idôneas e conhecedoras de Doutrina Espírita a tarefa de auxiliá-lo na avaliação das obras psicografadas; necessita de amor – Jesus nos ensina a conjugar o verbo amar quando diz: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei. A vida do Chico foi um mandato de amor.

9)     EM – Arnaldo, como confidente de inúmeras revelações do querido missionário, o que você poderia nos dizer sobre os romances históricos de Emmanuel – são, de fato, alguns deles, trechos da história evolutiva de Emmanuel e do próprio Chico?

AR – Sem dúvida. Emmanuel, nos seus romances, nos oferece um grande exemplo de amor, luta e verdadeiras transformações. Desde Públio Lentulus Sura e Públio Lentulus Cornélio (Há Dois Mil Anos), Nestório (Cinqüenta Anos Depois), Basílio (Ave, Cristo!), Padre Manuel da Nóbrega, e o Padre Damiano (Renúncia), encontramos muitas personalidades marcantes em busca da evolução consciente. E o nosso Chico sempre esteve caminhando com Emmanuel. Quem não se lembra da sua filha Flávia, em Há Dois Mil Anos…?

10)  EM – Algumas dessas suas experiências ao lado do médium  incomparável, bem como as revelações que você ouviu dele próprio, ao que se sabe, estão sendo anotadas por um amigo e companheiro de tarefas da UEM. Esse material será publicado em livro, em favor das novas gerações espíritas?

AR – Há quase dois anos que nossa “Alma Querida” desencarnou. Desde então, o companheiro citado nos procurou com o intuito de anotar essas recordações de nossas vivências junto ao médium. No início ficamos ressabiados, mas com o passar do tempo, em que o trabalho foi sendo desenvolvido sem nenhuma pretensão, verificávamos que, mais que um livro, estávamos reeditando uma grande amizade, com preciosos ensinamentos cristãos. Assim, os diálogos foram se transformando em recordações inestimáveis, capazes de traduzir ao coração dos novos espíritas o que foi a inesquecível Pedro Leopoldo de algumas décadas da primeira metade do século XX, quando se reuniam os “Amigos para Sempre”.

11) EM – Qual mensagem você deixaria para os espíritas, com base no seu trabalho e vivência ao lado desse extraordinário apóstolo do Espiritismo, eleito o mineiro mais importante do século XX, em votação popular?

AR – Não me sinto digno de oferecer uma mensagem, já que a busco para o meu próprio coração renitente e devedor. O que posso fazer, sem nenhuma pretensão, são algumas observações, que a vivência junto ao Chico me autoriza. Se estudarmos sua vida, sem pieguismo ou idolatria, encontraremos lições que podem nos auxiliar a nos aproximar daqueles espíritos benfeitores, dos quais Chico foi fiel instrumento, e com isso, transformar nossos ideais em obras concretas. Emmanuel nos ofereceu uma página de luz que deve ser o roteiro de todos nós espíritas, que está contida no livro “Religião dos Espíritos”, com o título Doutrina Espírita. Tenho para mim que precisamos dignificar o Espiritismo, nos dignificando. Finalizo minhas insignificantes palavras rendendo um preito de amor, carinho e um profundo sentimento de gratidão a Chico Xavier. Sinto que, se ele estivesse aqui e nos oferecesse um óbolo para nossas observações, transferiria essa homenagem a todos os amigos de Doutrina, para, juntos, buscarmos Nosso Senhor Jesus Cristo, em Espírito e Verdade. E para transferir o muito que recebemos aos nossos irmãos espíritas, reproduzimos a letra da música que Quinto Varro, como Corvino, na obra “Ave, Cristo!” ensinou às crianças para cantarem em saudação a Taciano — letra musical que Chico me ensinou a ter como roteiro de vida:

“Companheiro, companheiro!

Na senda que te conduz,

Que o Céu te conceda à vida

As bênçãos da Eterna Luz!…

Companheiro, companheiro!

Recebe por saudação,

Nossas flores de alegria

No vaso do coração.”

Fonte: Espírita Mineiro – UEM

10-Música de Cáritas.mp3

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