HISTÓRIAS QUE NOS ENSINAM

by jeronimomendonca1
RELÓGIO ILUMINADO

Dona Yvonne do Amaral Pereira, médium espírita já desencarnada, muito conhecida no movimento espírita brasileiro, registrou no seu livro "Cânticos do Coração", volume II, editado pelo Centro Espírita Léon Denis, do Rio de Janeiro, interessante história, que ela presenciou quando tinha mais ou menos 15 anos de idade, na cidade de Ouro Preto, onde seus pais residiam na época.

O fato verídico nos ajuda a melhor compreender as leis divinas de justiça e misericórdia.

Ali ela retrata a história de um Espírito cheio de ódio que procurava vingar-se de alguém que reencarnou com a tarefa da mediunidade de cura, servindo de instrumento a veneráveis Espíritos, entre eles Br. Bezerra de Menezes. O próprio Espírito obsessor disse que na época de D Maria I, quando Ouro Preto ainda era Vila Rica, o médium era um promotor público de quem ele era subalterno. O promotor, a quem ele agora perseguia, ordenava-lhe retiradas de bens públicos para uso pessoal. E quando estavam descobrindo a escândalo, para se ocultar ele acusou seu funcionário, que foi julgado e condenado à forca em praça pública.

Diz o Espírito obsessor que, apesar de rogar clemência e dizer que tinha oito filhos, o verdadeiro criminoso não confessou seu crime, deixando-o que pagasse por algo de que não tinha culpa, sendo então enforcado e tendo o corpo exposto durante todo o dia para observação pública. O antigo promotor, depois de sofrer no mundo espiritual onde lhe adveio o arrependimento, voltou à Terra, comprometido com os benfeitores, para ajudar no alívio do sofrimento humano através da mediunidade. Acontece, diz dona Yvonne, que ele não era regular nos trabalhos de auxílio e que mais se dedicava à política do que frequentava o grupo espírita. Até que os benfeitores foram perdendo a sintonia com ele e o Espírito obsessor o alcançou, colocando sua vida várias vezes em perigo.

Relata a autora do livro que um dia, tendo ele comparecido à sessão que ela também frequentava, Dr.Bezerra, servindo-se de outro médium, falou particularmente para ele:

"Deus é testemunha, meu filho, de que tudo fiz para conduzir-te a um caminho sensato, onde te poderias reformar. Foste dotado com uma faculdade preciosa, que te auxiliaria a resgatar erros passados através do amor e do trabalho santificado pelo Evangelho. Mas, tens sido rebelde. Nunca levaste a sério o compromisso com o Cristo de Deus nem com a Doutrina dos Espíritos, seus mensageiros, nem com a tua faculdade mediúnica, bem celeste e que poderia fazer a tua redenção. Agora, peço-te pela última vez: Compadece-te de ti mesmo! Ora e pede perdão ao teu adversário. Ora por ele, que muito sofre, pois é tão rebelde como tu próprio. Ajuda-o, pois nunca o fizeste! Modera o teu gênio, retrai-te do mundo, porque o médium há de viver no mundo, mas sem pertencer ao mundo. E, acima de tudo, nestes próximos vinte dias, não te permitas reuniões com amigos. Do teu trabalho segue para o lar, entretém-te com teus filhos e teus livros doutrinários. Não te intrometas em política, não visites cafés nem bares, não discutas com quem quer que seja. Se venceres esta etapa estarás salvo."

Segundo D. Yvonne, embora o médium tenha prometido em lágrimas, quinze ou vinte dias depois viu-se discutindo com adversários políticos quando um desses o ofendeu. Ele, então, encolerizado, esbofeteou o rosto do inimigo. Um policial, amigo deste último, entrou em sua defesa. O dono do bar colocou todos para fora e fechou o recinto. E ali, em meio à praça pública, a mesma que outrora fora palco do enforcamento do Espírito que o perseguia, o soldado sacou de seu revólver e descarregou sua arma sobre o médium que, caindo moralmente ferido, ainda teve tempo para dizer: "Não me mate, pelo amor de Deus! Tenho oito filhos pequenos para criar!"

Concluindo a narrativa, a escritora comenta que outro fato chamou a atenção de todos, pois, embora a vítima de agora fosse um funcionário público muito conhecido, por motivo não explicado seu corpo ficou ali, naquela praça, exposto das dez da manhã, hora do crime, até às dezessete horas.

Matéria extraída do Jornal O Imortal, escrito por José Antônio V. de Paula - Junho de 2010.

LIÇÕES DA OBRA DE YVONNE DE A. PEREIRA

 Por Sandra Ventura

“Todo encontro com outro ser humano tem sentido e

deve significar algo no plano da criação de Deus.” – Peter Van Der Meer1

Infelizmente não tive oportunidade de conhecê-la pessoalmente, mas pude reconhecer os seus caracteres de nobreza, distinção, fraternidade e humildade pelas obras que psicografou e nos muitos artigos que escreveu, nos quais se vê a observância fiel aos princípios doutrinários, bem como o profundo ascendente moral evangélico presente em toda a sua produção e vivência doutrinária.

Em março de 1984, deixava a Terra a alma redimida de Yvonne do Amaral Pereira. Foram 83 anos bem vividos e destinados à renovação de si mesma, tendo como principal ferramenta a dor das provas e das expiações a que se submeteu resignada e confiante.

Espírito lúcido, soube como ninguém aproveitar as lições e benesses que somente a Doutrina dos Espíritos lhe poderia dar. Alma peregrina do pecado, transitou de dramas terríveis à plena redenção de seus sentimentos de mulher, filha, amiga e irmã, dedicando-se com respeito e honradez aos inúmeros companheiros que puderam compartilhar da sua presença em substanciosas conversas na varanda da casa de sua irmã Amália (com quem morou nos últimos anos de sua vida) ou nos momentos de pregação evangélica a que ela se dedicava (na tribuna humilde ou nas missivas escritas com carinho maternal), ou ainda no colóquio silencioso e feliz com os seus queridos amigos do espaço. Que lições valiosas lhe fluíam da pena, sob a influência suave do venerável Bezerra de Menezes, quando este, cercando-a com os cuidados de pai, lhe dava a oportunidade de reconhecer, Nas telas do infinito, toda a operosidade do amor com que devem conduzir-se aqueles que pretendem servir nas lides dos muitos Dramas da obsessão ou nos graves momentos como a Tragédia de Santa Maria.

Quem poderia prever que sua tragédia passional de ex-suicida no século 19 pudesse se converter em testemunho de fogo, fazendo com que ela mesma voltasse à Terra com a missão de alertar os incautos do caminho sobre os perigos e sofrimentos advindos desse gesto insano, de profunda revolta contra a Lei de Deus.

Camilo Castelo Branco, o notável escritor português, contou-lhe suas Memórias de um suicida e deste trabalho conjunto temos o maior tratado mediúnico dos últimos tempos, na opinião do preclaro Espírito André Luiz.

Com as lembranças de Camilo vieram também as narrativas de Amor e ódio, que o grande Victor Hugo pediu a Charles transcrevesse, buscando no éter as vívidas e traumáticas experiências de um jovem artista, que bem serviriam de exemplo para a juventude, ao encontrar em O livro dos espíritos a explicação e o consolo para os seus martírios. O inesquecível escritor e pregador do Evangelho, o “santo paizinho” da Rússia, como era conhecido Liev Tolstoi, deu sua contribuição preciosa trazendo as histórias do seu povo, das suas terras longínquas, em que exigiu da médium o uso do russo castiço, para as descrições detalhadas do exigente escritor romântico, necessárias ao repasse das suas cartas de moral evangélica, de psicologia profunda donde ressoam a Sublimação dos sentimentos de muitas criaturas, travestidas de personagens, outros trazendo a Ressurreição e vida que só o encontro com o Cristo favorece.

Ainda poderíamos destacar, por muito nos sensibilizarem, as suaves nuances de azul e rosa que a médium percebia envolvendo as cenas do drama Nas voragens do pecado, obra escrita inicialmente pelo Espírito Roberto de Canallejas, seu companheiro de muitos enredos. Roberto, protagonista nesse drama e nas duas outras obras que compõem a já consagrada “Trilogia de Yvonne A. Pereira”, oprimido pelo sofrimento que lhe causava a lembrança do passado, não pôde concluí-las. A tarefa coube ao mentor da médium, o Espírito Charles, que manteve o sabor nostálgico da vida do Cavaleiro de Numiers e o caráter impactante do Drama da Bretanha. Muito se poderia dizer desta trilogia, mas por que nos retermos nos aspectos históricos tão bem caracterizados, a evidenciarem uma de suas notáveis especialidades mediúnicas, se o que mais nos salta aos olhos é justamente a penetração doutrinária em todos os lances, o alcance das lições em cada obra, À luz do consolador?

Estudiosa profunda e grande observadora dos fenômenos mediúnicos, foi Devassando o invisível que ela nos trouxe as suas Recordações da mediunidade – duas obras que são o relato de suas experiências mediúnicas -, as quais vieram a lume sob a orientação de Charles, Bezerra, Inácio Bittencourt e Léon Denis, que lhe determinaram:

Narrarás o que a ti mesma sucedeu, como médium, desde o teu nascimento. Nada mais será necessário. [...]

O grande discípulo de Allan Kardec, Léon Denis, tornou-se amigo presente em momentos cruciais de sua vida, soerguendo-lhe o ânimo diante das muitas dificuldades, até que a expressão máxima do trabalho brilhasse estampada nas obras sobre as quais ela se debruçava com fervor, dificuldades como os 30 anos de espera pela publicação de uma obra, ou ainda ter o seu passado equivocado, em vidas anteriores, exposto em algumas de suas obras, tudo para testar sua humildade e resignação.

A Federação Espírita Brasileira, a Casa Máter do Espiritismo, era considerada por ela como um segundo lar paterno, daí a sua admiração e devoção pela Casa de Ismael durante toda a sua vida, entregando toda a sua obra aos cuidados da FEB. Em 2013, a FEB Editora lançou alguns livros que jaziam esquecidos pelo tempo. Mas, como tudo tem o seu momento, eis que quatro deles são recuperados, todos ostentando o conteúdo e o estilo inconfundíveis, tanto da médium como dos Espíritos que a assistiam. São cartas destinadas à infância e à juventude. São flores colhidas em plena primavera de sentimentos para que o Espírito jovem acolha os ensinamentos do Evangelho sob as bênçãos da Família espírita, com o endosso do Evangelho aos simples, compreendendo As três Revelações da lei de Deus nos muitos Contos amigos que a saudosa médium trouxe das mãos generosas de Bezerra de Menezes, Charles e Liev Tolstoi.

Muito ainda se poderia comentar sobre as 173 obras que Yvonne nos legou, todavia o que mais importa é que a quantidade não tem tanta valia onde a qualidade é inequívoca, onde a fidelidade absoluta a Jesus e a Kardec saltam aos olhos daqueles que têm olhos para ver e que estejam vigiando e orando, já que os tempos são chegados e o joio será atado em molhos para queimar, e o trigo, juntado no celeiro do Senhor. (Mateus, 13:30.)

1 PEREIRA. Yvonne do A. Um caso de reencarnação – Eu e Roberto de Canallejas. Ed. Rio de Janeiro: Associação Editora Espírita F. V. Lorenz,2009.

2 PEREIRA. Yvonne do A. Recordações da mediunidade. 12. ed. 2. imp. Brasília: FEB, 2013. Introdução, p. 8.

3 N.R.: Dessas 17 obras, uma será lançada: As três revelações da lei de Deus; e a outra, Contos amigos, ainda se encontra no prelo.

 (Texto e imagem disponíveis em: http://www.sistemas.febnet.org.br/reformadoronline/pagina/?id=398. Acesso em: 01/março/2014.)

Arte no Plano Espiritual - A Cidade Universitária

"Constataremos a seguir que na Cidade da Arte, após alguns anos de atuação nos diferentes setores de caridade, enxugando uma e outra lágrima, era concedido a todos a oportunidade de expressar suas experiências adquiridas no apostolado da sublime fraternidade.
A cada lição do Evangelho do Senhor, esplanada pelo jovem catedrático, a cada exemplo apreciado do Mestre Inesquecível, seguiam-se testemunhos nossos, na prática entre os humanos e os desventurados sofredores, assim como análises através de temas que deveríamos desenvolver e apresentar a uma junta examinadora a qual verificaria nosso aproveitamento e compreensão da matéria. Freqüentemente, pois, produzíamos peças vazadas em temas elevados e inspirados no Evangelho, na Moral como na Ciência, romances, poemas, noticiários, etc. Uma vez aprovados, estes trabalhos poderiam ser por nós ditados ou revelados aos homens porquanto instrutivos e educativos, conveniente, por isso mesmo, à sua regeneração; e o faríamos através da operosidade mediúnica, subordinados a uma filosofia, ou servindo-nos de sugestões e inspirações a qualquer mentalidade séria capaz de captar-nos as idéias em torno de assuntos moralizadores ou instrutivos. E quando reprovados repetiríamos a experiência até concordar plenamente o tema com a Verdade que esposávamos e também com as expressões da Arte, de que não poderíamos prescindir.

Os dias consagrados a tais exames eram festivos para todo o Burgo da Esperança. Legítimos certames de uma Arte Sagrada – a do Bem - o encanto que de tais reuniões se destacava ultrapassava todas as concepções de beleza que antes poderíamos ter! Esforçavam-se os vigilantes na decoração dos ambientes, na qual entravam jogos e feitos de luzes transcendentes indescritíveis em linguagem humana, enquanto luminares de nossa Colônia, como Teócrito, Ramiro de Guzman e Aníbal de Silas se revelavam artistas portadores de dons superiores, quer na literatura como na música e oratória descritiva, isto é, na exposição mental, através de imagens, das produções próprias. De outras esferas vizinhas desciam caravanas fraternas a emprestarem brilho artístico e confortativo às nossas experimentações. Nomes que na Terra se pronunciam com respeito e admiração acorriam bondosamente a reanimar-nos para o progresso, ativando em nossos corações humílimos o desejo de prosseguir nas pelejas promissoras. Não faltaram mesmo em tais assembléias o estímulo genial de vultos como Vitor Hugo e Frederic Chopin – este último considerado suicida na Pátria Espiritual, dado descaso com que se ativera relativamente à própria saúde corporal; ambos, como muitos outros, cujos nomes surpreenderiam igualmente o leitor, exprimiam a magia dos seus pensamentos, dilatados pelas aquisições de longo período na Espiritualidade, através de criações intraduzíveis para as apreciações humanas do momento! Tivemos, assim, ocasião de ouvir o grande compositor que viveu na Terra mais de uma experiência carnal, sempre consagrado à Arte ou as Belas-Letras, as suas melhores energias mentais, traduzir sua música em imagens e narrações, numa variedade atordoadora de temas, enquanto que o gênio de Hugo mostrava em lições inapreciáveis de beleza e instrução a realidade mental de suas criações literárias! O poder criador desta mentalidade, a quem a Terra ainda não esqueceu e que a ela voltará ainda a serviço da Verdade, servindo-a sob prismas surpreendentes, verdadeira missão artística a serviço d’Aquele que é a Suprema Beleza, deslumbrava nossa sensibilidade até as lágrimas, atraindo-nos para a adoração ao Ser Divino porventura com idêntico fervor, idêntica atração com que a faziam Aníbal de Silas e Epaminondas de Vigo valendo-se do Evangelho da Redenção e da Ciência.                      Continua ->

-> Continuação

Era o pensamento do grande Hugo, vivificado pela ação da realidade, concretizando de forma a podermos conhecer devidamente as nuanças primorosas das suas vibrações emotivas transubstanciadas em assuntos encantadores da epopéia do Espírito através de migrações terrenas e estágios no Invisível, o que equivale dizer que também ele colaborava na obra de nossa reeducação. Surpreendeu-nos então a notícia, ali ventilada, de que o gênio de Victor Hugo se confirmava na Terra desde muitos séculos, partindo da Grécia para a Itália e França, sempre deixando após si um rastro luminoso de cultura superior e de Arte. Seu espírito, pois, em várias idades diferentes, tem sido venerado por muitas gerações, cabendo-lhe positivamente a glória de que se cerca em planos intelectuais. Quanto ao outro, Chopin, alma insatisfeita, que somente agora compreendeu que com o humilde Carpinteiro de Nazaré encontrará o segredo dos sublimes ideais que a saciarão, em miríficas expansões de música arrebatadora, transportada da magia dos sons para o deslumbramento da expressão real, deu-nos o dramático poema das suas migrações terrenas, uma delas anterior mesmo ao advento do Grande Emissário, mas já a serviço da Arte, cultivando as Belas-Letras como poeta inesquecível, que viveu em pleno império da força, na Roma dos Césares!”      
 

(MEMÓRIAS DE UM SUICIDA, 

Homem Velho – Yvone A. Pereira) 

Desencarne: Março de 1984. 


Quem foi Yvonne do Amaral Pereira


Yvonne Pereira foi uma das mais respeitadas médiuns brasileiras, autora de romances psicografados bastante conhecidos entre os espíritas. Dedicou-se por muitos anos à desobsessão e ao receituário mediúnico homeopático.

Filha de Manuel José Pereira Filho, um pequeno comerciante, e de Elizabeth do Amaral, foi a primeira de seis filhos do casal., tendo nascido em 24 de dezembro de 1900. A mãe já havia tido um filho de seu primeiro casamento.

Recém-nascida, com apenas 29 dias, teve um acesso de tosse que a sufocou, deixando-a em estado de catalepsia, em que se manteve por seis horas. O médico e o farmacêutico da localidade chegaram a atestar o óbito por sufocação. A família preparou o corpo da bebê para o velório, colocando-lhe um vestido branco e azul, adornando-a com uma grinalda, enquanto aguardava o pequeno caixão branco da praxe. Momentos depois, a bebê acordou, chorando.

Yvonne cresceu numa família espírita. O pai enfrentou a falência comercial por três vezes. Posteriormente viria a tornar-se funcionário público, cargo que ocupou até o fim da vida, em 1935. Era comum a família abrigar pessoas necessitadas, vivências que, segundo Yvone, marcariam sua vida para sempre.

Aos oito anos de idade, a menina viveu novo episódio de catalepsia. Certa noite, durante o sono, percebeu-se diante de uma imagem do Senhor dos Passos pedindo socorro, pois sofria muito. A imagem, então, animando-se, dirigiu-lhe as palavras: Vem comigo minha filha: será o único recurso que terás para suportar os sofrimentos que te esperam. A menina, aceitando a mão que lhe era estendida pela imagem, subiu os degraus do altar e não se lembrou de mais nada.

Nessa idade teve o primeiro contato com um livro espírita. Posteriormente, aos doze anos, ganhou de presente do pai O Evangelho segundo o Espiritismo e o Livro dos Espíritos. Aos treze anos de idade começou a freqüentar sessões práticas de Espiritismo.

Yvonne teve como estudos apenas o antigo curso primário (atual primeiro segmento do ensino fundamental). Devido às dificuldades financeiras da família não conseguiu prosseguir nos estudos. Para auxiliar a família, e o próprio sustento, dedicou-se à costura e ao bordado, e ao artesanato de rendas e flores. Tendo cultivado desde a infância o estudo e a leitura, completou a sua formação como autodidata, pela leitura de livros e periódicos. Aos dezesseis anos já tinha lido obras clássicas de GoetheBernardo GuimarãesJosé de AlencarAlexandre HerculanoArthur Conan Doyle e outros.


A partir dessa idade, fase da adolescência, a mediunidade tornou-se um fenômeno comum para Yvonne, que dizia receber a maior parte dos informes de além-túmulo, crônicas e contos em desdobramento, no momento do sono. A sua faculdade apresentava-se diversificada, tendo se dedicado à psicografia e ao receituário homeopático, à incorporação, à psicofonia e ao passe, e até mesmo, em algumas ocasiões, aos chamados efeitos físicos de materialização. Dedicou-se à atividade de desobsessão. Atuou em casas espíritas nas cidades de Lavras (MG), Barra do Piraí (RJ), Juiz de Fora (MG), Pedro Leopoldo (MG) e Rio de Janeiro (RJ), onde residiu sucessivamente.

A obra mediúnica de Yvonne Pereira monta a uma vintena de livros. Embora desde 1926 tenha escrito numerosas obras psicografadas, somente decidiu publicá-las na década de 1950, segundo ela mesma, após muita insistência dos “mentores espirituais”. Dentre as mais conhecidas destacam-se:



·         Memórias de um Suicida (Rio de Janeiro: FEB, 1955. 568p.) – atribuída aos espírito de Camilo Castelo Branco e de Léon Denis. Constitui-se num libelo contra o suicídio, descrevendo em sua primeira parte, os sofrimentos experimentados pelos que atentaram contra a própria vida. Na segunda e na terceira partes focaliza os trabalhos de assistência e de preparação para uma nova encarnação. Esta obra é considerada um marco na bibliografia mediúnica brasileira e o melhor exame sobre o suicídio sob o ponto de vista doutrinário espírita.

·         Nas Telas do Infinito – apresenta duas novelas: uma atribuída ao espírito Bezerra de Menezes e outra a Camilo Castelo Branco.

·         Amor e Ódio (Rio de Janeiro: FEB, 1956. 553p.) – atribuída ao espírito Charles, enfoca o drama de um ex-aluno francês do Prof. Rivail (Allan Kardec), o artista Gaston de Saint-Pierre, acusado de um crime que não cometera. Após grandes padecimentos, recebe os esclarecimentos elucidativos por meio de um exemplar de O Livro dos Espíritos, à época em que este foi lançado pelo codificador.

·         A Tragédia de Santa Maria (Rio de Janeiro: FEB, 1957. 267p.) – atribuído ao espírito Bezerra de Menezes, ambientado em uma fazenda de café em Vassouras (RJ).

·         Ressurreição e Vida (Rio de Janeiro: FEB, 1963. 314p.) – atribuído ao espírito Leon Tolstoi, compreende seis contos e dois mini-romances ambientados na Rússia dos czares.

·         Nas Voragens do Pecado (Rio de Janeiro: FEB, 1960. 317p.) – primeiro volume de uma trilogia atribuído ao espírito Charles, relata a trágica história do massacre dos huguenotes na Noite de São Bartolomeu (23 de Agosto de 1572), durante o que seria uma encarnação anterior da médium, na personalidade de Ruth-Carolina de la Chapelle.

·         O Cavaleiro de Numiers (Rio de Janeiro: FEB, 1976. 216p.) – segundo volume da trilogia, mostra outra suposta encarnação da médium, ainda na França, na personalidade de Berth de Sourmeville.

·         O Drama da Bretanha (Rio de Janeiro: FEB, 1974. 206p.) – terceiro e último volume da trilogia, ilustra como a médium, agora na personalidade Andrea de Guzman, não consegue suportar os embates de sua expiação e se suicida por afogamento.

·         Dramas da Obsessão (Rio de Janeiro: FEB, 1964. 209p.) – atribuído ao espírito Bezerra de Menezes, compreende duas novelas abordando o tema obsessão.

·         Sublimação (Rio de Janeiro: FEB, 1974. 221p.) – apresenta dois contos atribuídos ao espírito Charles (um ambientado na Pérsia e outro na Espanha) e três contos atribuídos ao espírito Leon Tolstoi (ambientados na Rússia).

Como escritora, publicou muitos artigos em jornais populares, produção atualmente desconhecida, que carece de um trabalho amplo de recuperação. São ainda da autora:

·         A Família Espírita

·         À Luz do Consolador (Rio de Janeiro: FEB, 1997. ) – coletânea de artigos da médium na revista Reformador, originalmente entre a década de 1960 e a de 1980.

·         Cânticos do Coração (Rio de Janeiro: Ed. CELD. 1994. 2 v. 246 p.) – coletânea de artigos publicados no jornal Obreiros do Bem.

·         Contos Amigos

·         Devassando o Invisível (Rio de Janeiro: FEB, 1963. 232p.) – a autora desenvolve uma dezena de estudos sobre temas doutrinários, com base em suas experiências mediúnicas.

·         Evangelho aos Simples

·         O Livro de Eneida

·         Pontos Doutrinários – reúne crônicas publicadas na revista Reformador.

·         Recordações da Mediunidade (Rio de Janeiro: FEB, 1968. 212p.) – a autora discorre sobre reminiscências de vidas passadas, arquivos da alma, materializações, premonição e obsessão.

·         A Lei de Deus

Yvonne do Amaral desencarnou em 09 de março de 1984, no Rio de Janeiro (RJ). Fonte: Wikipedia 

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