O recém publicado livro "KARDEC - A Biografia", de Marcel Souto Maior, é a base para o roteiro de um longa-metragem que será dirigido por Wagner de Assis, o mesmo diretor de "NOSSO LAR.

Espiritismo renovado: a vez de Kardec no cinema. Professor de Lyon adotou pseudônimo sugerido por um dos espíritos que o assistiam.

Uma nova fornada de produções com essa temática começa a se desenhar no horizonte, desta vez tendo Allan Kardec (1804-1869) e sua obra como fonte de inspiração. 

O ESPIRITISMO

O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo. Ele nos mostra, não mais como coisa sobrenatural, porém, ao contrário, como uma das forças vivas e sem cessar atuantes da Natureza, como a fonte de uma imensidade de fenômenos até hoje incompreendidos e, por isso, relegados para o domino do fantástico e do maravilhoso. E a essas relações que o Cristo alude em muitas circunstâncias e dai vem que muito do que ele disse permaneceu ininteligível ou falsamente interpretado. O Espiritismo é a chave com o auxilio da qual tudo se explica de modo fácil. A lei do Antigo Testamento teve em Moisés a sua personificação; a do Novo Testamento tem-na no Cristo. O Espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus, mas não tem a personificá-la nenhuma individualidade, porque é fruto do ensino dado, não por um homem, sim pelos Espíritos, que são as vozes do Céu, em todos os pontos da Terra, com o concurso de uma multidão inumerável de intermediários. É, de certa maneira, um ser coletivo, formado pelo conjunto dos seres do mundo espiritual, cada um dos quais traz o tributo de suas luzes aos homens, para lhes tornar conhecido esse mundo e a sorte que os espera. Assim como o Cristo disse: "Não vim destruir a lei, porém cumpri-la", também o Espiritismo diz: "Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução." Nada ensina em contrário ao que ensinou o Cristo; mas, desenvolve, completa e explica, em termos claros e para toda gente, o que foi dito apenas sob forma alegórica. Vem cumprir, nos tempos preditos, o que o Cristo anunciou e preparar a realização das coisas futuras. Ele é, pois, obra do Cristo, que preside, conforme igualmente o anunciou, à regeneração que se opera e prepara o reino de Deus na Terra. Que assim seja.

 


Espiritismo renovado: a vez de Kardec no cinema.


A biografia do escritor, educador e tradutor francês, tido como o grande codificador do espiritismo do século XIX, surge associada a projetos de proporções e ambições distintas, que começam a chegar ao circuito já em 2014. A mais visível delas é “Kardec — O filme” (título provisório), adaptação do livro “Kardec — A biografia”, de Marcel Souto Maior, com produção da Conspiração Filmes e direção de Wagner Assis, o mesmo de “Nosso lar” (2010), drama sobre encarnação e evolução espiritual que arrastou mais de 4 milhões de brasileiros aos cinemas. Há ainda o ensaio poético experimental “Je suis Kardec”, de Ricardo Carvalho, já pronto, e “Liberté”, em fase de pré-produção, com direção do francês Karim Soumaïla e produção do brasileiro Ricardo Rihan, da Lighthouse, a mesma de “As mães de Chico Xavier”.


— Estamos vivendo o momento do Kardec. As iniciativas que estão surgindo em torno do nome dele são complementares, darão visibilidade à obra dele, assim como os filmes relacionados ao trabalho de Chico Xavier — avisa Rihan, que negocia uma parceria com produtoras francesas. — Nosso documentário tem um viés investigativo, tem o objetivo de procurar respostas para entender por que Kardec é desconhecido na França e muito estudado e seguido no Brasil. Cerca de 40% do filme serão rodados na França. Uma parceira francesa garante exibição em canais comerciais por lá.


Cinebiografia clássica


A versão desenvolvida por Assis, em parceria com o roteirista L. G. Bayão, se aproxima mais da cinebiografia clássica. “Kardec — O filme”, no entanto, não pretende cobrir toda a trajetória do cientista francês, mas deve se deter ao período em que Hippolyte Léon Denizard deixou de ser um mero professor da cidade de Lyon, no meio da França, e adotou o pseudônimo famoso, sugerido por um dos espíritos que recebia e o orientava em suas pesquisas nesse campo.

— Nosso filme é um recorte da vida dele. Vamos nos concentrar na transformação do homem comum no maior estudioso do tema no século XIX — explica Assis, que convidou, mas ainda não recebeu uma confirmação do ator Tony Ramos para viver o protagonista. — Já temos dois ou três distribuidores interessados no projeto, o que é bastante atípico em se tratando do mercado brasileiro. É mais uma prova do interesse pelo tema e da popularidade do Kardec.


Os primeiros estudos de Kardec resultaram em “O livro dos espíritos”, no qual descreve as noções básicas da doutrina. Publicado em 1857, o livro serviu de base para “O filme dos espíritos” (2011), de André Marouço e Michel Dubret, com produção da Estação da Luz, a ONG que produziu “As mães de Chico Xavier” e funcionou como consultora ou coprodutora de títulos como “Bezerra de Menezes — O diário de um espírito” (2008), assistido por meio milhão de espectadores.

 

A Estação da Luz assina a co-produção de “Liberté” e estuda o desenvolvimento ou o apoio a novos projetos nesse terreno.

— Nossos filmes não são voltados para um público específico, são obras mais abertas. Queremos aproximar o maior número de pessoas da abordagem científica e humanista que Kardec deu ao mundo espiritual — analisa Luís Eduardo Girão, da Estação. — Acredito que chegará o momento de respirarmos o ensinamento espírita como respiramos três anos atrás, com a safra relacionada a Chico Xavier.

PERANTE A CODIFICAÇÃO KARDEQUIANA

A Codificação Kardequiana orienta o homem para o “construir-se”, de dentro para fora. Com semelhante afirmativa numerosas legendas repontam do plano individual, ampliando os distritos do mundo interior para a reestruturação da personalidade, ante o continuísmo da vida.

Edificação íntima, em cujo levantamento a criatura pode concluir de maneira instintiva:

Deus é nosso Pai, mas a certeza disso não me exonera da responsabilidade de burilar-me, trabalhar e viver;

moro presentemente na Terra, com a obrigação de compartilhar-lhe o progresso; entretanto, na essência, sou um espírito eterno, evoluindo na direção da Imortalidade;

atravesso atualmente caminhos determinados pela lei da causa e efeito; contudo, já sei que desfruto o privilégio de renovar o próprio destino pelo uso sensato da liberdade de escolha;

travo duras batalhas no campo externo, mas compreendo que a maior de todas elas é a que sustento, dia por dia, no campo íntimo, procurando a vitória sobre mim mesmo;

possuo a família do coração; todavia, em todos os seres da estrada, encontro irmãos verdadeiros, componentes da família maior a que todos pertencemos — a Humanidade;

sofro desafios e obstáculos, nas vias planetárias, porém guardo a certeza de que a alegria imperecível é a meta que me cabe atingir;

desilusões de provas me assaltam comumente a senda diária; no entanto, reconheço que preciso aceitá-las por lições valiosas, necessárias, aliás, à minha própria formação espiritual, na academia da experiência;

o mundo por vezes passa por transições inesperadas e rudes, todavia, tenho a paz imutável, no âmago do ser;

o tempo é a minha herança incorruptível;

a morte ser-me-á simplesmente estreito corredor para o outro lado da vida.

Revela-nos Jesus que o Reino de Deus está dentro de nós, e Allan Kardec complementa-lhe a obra ensinando-nos a desentranhá-lo, através de ação e discernimento, serviço e amor, a fim de que o homem sublimado consiga sublimar a Terra para que a Terra, por fora e por dentro, se incorpore, em espírito e verdade, ao Reino dos Céus.

Emmanuel (espírito), psicografia de Francisco Cândido Xavier

Livro: Doutrina de Luz 

KARDEC E A ESPIRITUALIDADE

Todas as missões dignificadoras dos grandes vultos humanos são tarefas do Espírito. Precisamos compreender a santidade do esforço de um Edson, desenvolvendo as comodidades da civilização, o elevado alcance das experiências de um Marconi, estreitando os laços da fraternidade, através da radiotelefonia. Apreciando, porém, o labor da inteligência humana, somos obrigados a reconhecer que nem todas essas missões têm naturalmente uma repercussão imediata e grandiosa no Mundo dos Espíritos.

Daí a razão de examinarmos o traço essencial do trabalho confiado a Allan Kardec. Suas atividades requisitaram a atenção do planeta e, simultaneamente, repercutiram nas esferas espirituais, onde se formaram legiões de colaboradores, em seu favor

Sua tarefa revelava ao homem um mundo diferente. A morte, o problema milenário das criaturas, perdia sua feição de esfinge. Outras vozes falavam da vida, além dos sepulcros. Seu esforço espalhava-se pelo orbe como a mais consoladora das filosofias; por isso mesmo, difundia-se, no plano invisível, como vasto movimento de interesses divinos.

Ninguém poderá afirmar que Kardec fosse o autor do Espiritismo. Este é de todos os tempos e situações da humanidade. Entretanto, é ele o missionário da renovação cristã. Com esse título, conquistado a peso de profundos sacrifícios, cooperou com Jesus para que o mundo não morresse desesperado. E, contribuindo com a sua coragem, desde o primeiro dia de labor, organizaram-se nos Círculos da Espiritualidade os mais largos movimentos de cooperação e de auxílio ao seu esforço superior.

Legiões de amigos generosos da humanidade alistaram-se sob a sua bandeira cooperando na causa imortal. Atrás de seus passos, movimentou-se um mundo mais elevado, abriram-se portas desconhecidas dos homens, para que a ciência e a fé iniciassem a marcha da suprema união, em Jesus Cristo.

Não somente o orbe terrestre foi beneficiado. Não apenas os homens ganharam esperanças. O mundo invisível alcançou, igualmente, consolo e compreensão.

Os vícios da educação religiosa prejudicaram as noções da criatura, relativamente ao problema da alma desencarnada. As ideias de um Céu injustificável e de um inferno terrível formaram a concepção do Espírito liberto, como sendo um ser esquecido da Terra, onde amou, lutou e sofreu.

Semelhante convicção contrariava o espírito de sequência da Natureza. Quem atendeu as determinações da morte, naturalmente, continua, além, suas lutas e tarefas, no caminho evolutivo, infinito. Quem sonhou, esperou, combateu e torturou-se não foi a carne, reduzida à condição de vestido, mas a alma, senhora da Vida Imortal.

Essa realidade fornece uma expressão do grandioso alcance “da missão de Allan Kardec”, considerada no Plano Espiritual.

É justo o reconhecimento dos homens e não menos justo o nosso agradecimento aos seus sacrifícios “de missionário”, ainda porque apreciamos a atividade de um apóstolo sempre vivo.

Que Deus o abençoe.

O Evangelho nos fala que os anjos se regozijam quando se arrepende um pecador. (Lc) E a tarefa santificada de Allan Kardec tem consolado e convertido milhares de pecadores, neste mundo e no outro.

Emmanuel (espírito), psicografia de Francisco Cândido Xavier. Livro: Doutrina de Luz

Kardec e Napoleão

05/11/2012

Por jeronimomendonca1

Logo após o 18 Brumário, (09 de novembro de 1799), quando Napoleão se fizera Primeiro-Cônsul da República Francesa, reuniu-se, na noite de 31 de dezembro de 1799, no coração da latinidade, nas Esferas Superiores, grande assembléia de Espíritos sábios e benevolentes, para marcarem a entrada significativa do novo século.

Antigas personalidades de Roma imperial, pontífices e guerreiros das Gálias, figuras notáveis da Espanha, ali se congregavam à espera do expressivo acontecimento.

Legiões dos Césares, com os seus estandartes, falanges de batalhadores do mundo gaulês e grupos de pioneiros da evolução hispânica, associados a múltiplos representantes das Américas, guardavam linhas simbólicas de posição de destaque.

Mas não somente os latinos se faziam representar no grande conclave. Gregos ilustres, lembrando as confabulações da Acrópole gloriosa, israelitas famosos, recordando o Templo de Jerusalém, deputações eslavas e germânicas, grandes vultos da Inglaterra, sábios chineses, filósofos hindus, teólogos budistas, sacrificadores das divindades olímpicas, renomados sacerdotes da Igreja Romana e continuares de Maomet ali se mostravam como em vasta convocação de forças da ciência e da cultura da Humanidade.

No concerto das brilhantes delegações que ali formavam, com toda a sua fulguração representativa, surgiam Espíritos de velhos batalhadores do progresso que voltariam à liça carnal ou que a seguiriam, de perto, para o combate à ignorância e à miséria, na laboriosa preparação da nova era da fraternidade e da luz.

No deslumbrante espetáculo da Espiritualidade Superior, com a refulgência de suas almas, achavam-se Sócrates, Platão, Aristóteles, Apolônio de Tiana, Orígenes, Hipócrates, Agostinho, Fénelon, Giordano Bruno, Tomás de Aquino, S. Luís de França, Vicente de Paulo, Joana D’Arc, Tereza D’Avila, Catarina de Siena, Bossuet, Spinoza, Erasmo, Mílton, Cristóvão Colombo, Gutemberg, Galileu, Pascal, Swedenborg e Dante Aliguieri, para mencionar apenas alguns heróis e paladinos da renovação terrestre; e, em plano menos brilhante, encontravam-se no recinto maravilhoso, trabalhadores de ordem inferior, incluindo muito dos ilustres guilhotinados da Revolução, quais Luís XVI, Marie Antoinette, Robespierre, Danton, Madame Roland, André Chenier, Bailly, Camille Desmoulins, e grandes vultos como Voltaire e Rousseau.

Depois da palavra rápida de alguns orientadores eminentes, invisíveis clarins soaram na direção do plano carnal, e, em breves instantes, do seio da noite, que velava o corpo ciclópico do mundo europeu, emergiu, sob a custódia de esclarecidos mensageiros, reduzido cortejo de sombras, que pareciam estranhas e vacilantes, confrontadas com as feéricas irradiações do palácio festivo.

Era um grupo de almas, ainda encarnadas, que, constrangidas pela Organização Celeste, remontavam à vida espiritual, para a reafirmação de compromissos.

À frente, vinha Napoleão, que centralizou o interesse de todos os circunstantes. Era bem o grande corso, com os seus trajes habituais e com o seu chapéu característico.

Recebido por diversas figuras da Roma antiga, que se apressavam em oferecer-lhe apoio e auxílio, o vencedor de Rivoli ocupou radiosa poltrona que, de antemão, lhe fora preparada.

Entre aqueles que o seguiam, na singular excursão, encontravam-se respeitáveis autoridades reencarnadas no Planeta, como Beethoven, Ampère, Fúlton, Faraday, Goethe, João Dálton, Pestalozzi, Pio VII, além de muitos outros campeões da prosperidade e da independência do mundo.
Acanhados no veículo espiritual que os prendia à carne terrestre, quase todos os recém vindos, banhavam-se em lágrimas de alegria e emoção.
O Primeiro-Cônsul da França, porém, trazia os olhos enxutos, não obstante a extrema palidez que lhe cobria a face. Recebendo o louvor de várias legiões, limitava-se a responder com acenos discretos, quando os clarins ressoaram, de modo diverso, como se se pusessem a voar para os cimos, no rumo do imenso infinito…

Imediatamente uma estrada de luz, à maneira de ponte levadiça, projetou-se do Céu, ligando-se ao castelo prodigioso, dando passagem a inúmeras estrelas resplendentes.

Em alcançando o solo delicado, contudo, esses astros se transformavam em seres humanos, nimbados de claridade celestial.

Dentre todos, no entanto, um deles avultava em superioridade e beleza. Tiara rutilante brilhava-lhe na cabeça, como que a aureolar-lhe de bênçãos o olhar magnânimo, cheio de atração e doçura. Na destra, guardava um cetro dourado, a recamar-se de sublimes cintilações.

Musicistas invisíveis, através dos zéfitos que passavam apressados, prorromperam num cântico de hosanas, sem palavras articuladas.

A multidão mostrou profunda reverência, ajoelhando-se muitos dos sábios e guerreiros, artistas e pensadores, enquanto todos os pendões dos vexilários arriavam, silenciosos, em sinal de respeito.
Foi então que o grande corso se pôs em lágrimas e, levantando-se, avançou com dificuldade, na direção do mensageiro que trazia o báculo de ouro, postando-se, genuflexo, diante dele.

O celeste emissário, sorrindo com naturalidade, ergueu-o, de pronto, e procurava abraçá-lo, quando o Céu pareceu abrir-se diante de todos, e uma voz enérgica e doce, forte como a ventania e veludosa como a ignorada melodia da fonte, exclamou para Napoleão, que parecia eletrizado de pavor e júbilo, ao mesmo tempo:
- Irmão e Amigo ouve a Verdade, que te fala em meu espírito! Eis-te à frente do apóstolo da fé, que, sob a égide do Cristo, descerrará para a Terra atormentada um novo ciclo de conhecimento…

César ontem, e hoje orientador, rende o culto de tua veneração, ante o pontífice da luz! Renova, perante o Evangelho, o compromisso de auxiliar-lhe a obra renascente!…

Aqui se congregam conosco lidadores de todas as épocas. Patriotas de Roma e das Gálias, generais e soldados que te acompanharam nos conflitos da Farsália, de Tapso e de Munda, remanescentes das batalhas de gergóvia e de Alésia aqui te surpreendem com simpatia e expectação… Antigamente, no trono absoluto, pretendias-te descendente dos deuses para dominar a Terra e aniquilar os inimigos… Agora, porém, o supremo Senhor concedeu-te por berço uma ilha perdida no mar, para que não te esqueças da pequenez humana e determinou voltasses ao coração do povo que outrora humilhaste e escarneceste, a fim de que lhe garantas a missão gigantesca, junto da Humanidade, no século que vamos iniciar…”

…Cânticos de alegria e esperança anunciaram nos céus a chegada do século XIX e, enquanto o Espírito da Verdade, seguido por várias coortes resplandecentes, voltava para o alto, a inolvidável assembléia se dissolvia.

O apóstolo que seria Allan Kardec, sustentando Napoleão nos braços, aconchegou-o de encontro ao peito e acompanhou-o, bondosamente, até religá-lo ao corpo de carne, no próprio leito.

…Em 3 de outubro de 1804, o mensageiro da renovação renascia num abençoado lar de Lião, mas o Primeiro-Cônsul da República Francesa, assim que se viu desembaraçado da influência benéfica e protetora do Espírito de Allan Kardec e de seus cooperadores, que retomavam, pouco a pouco, a integração com a carne. confiantes e otimistas, engalanou-se com a púrpura do mando e, embriagado de poder, proclamou-se Imperador, em 18 de maio de 1804, ordenando a Pio VII viesse coroá-lo em Paris.

Napoleão, contudo, convertendo celestes concessões em aventuras sanguinolentas, foi apressadamente situado, por determinação do Alto, na solidão curativa de Santa Helena, onde esperou a morte, enquanto Allan kardec, apagando a própria grandeza, na humildade de um mestre-escola, muita vez atormentado e desiludido, como simples homem do povo, deu integral cumprimento à divina missão que trazia à Terra, inaugurando a era espírita-cristã, que, gradativamente, será considerada em todos os quadrantes do orbe como a sublime renascença da luz para o mundo inteiro.

Autoria: Livro Cartas e Crônicas – Espírito Irmão X – Francisco C. Xavier.

QUEM É O ESPÍRITO DE VERDADE?

20/05/2013, por jeronimomendonca1

Livro Obras Póstumas, no capítulo intitulado: A minha primeira iniciação no Espiritismo, Allan Kardec conta como foi seu primeiro encontro com o que chamava de Espírito familiar, e faz uma observação: “nessa época, ainda se não fazia distinção nenhuma entre as diversas categorias de Espíritos simpáticos. Dava-se-lhes a todos a denominação de Espíritos familiares”.

Foi no dia 25 de março de 1856, tendo por médium a senhorita Baudin, que Kardec agradeceu a presença do “Espírito familiar” e perguntou, educadamente:

– Consentirás em dizer-me quem és?

– Para ti, chamar-me-ei A Verdade todos os meses, aqui, durante um quarto de hora, estarei à tua disposição.

E o diálogo continua e, como era da personalidade de Kardec, não se bastar com as perguntas enquanto não se desse por satisfeito com as respostas, isso observamos em toda a Codificação, ele volta a indagar:

– O nome Verdade, que adotaste, constitui uma alusão à verdade que eu procuro?

– Talvez; pelo menos, é um guia que te protegerá e ajudará.

Kardec volta a questionar, buscando identificar o Espírito:

– Terás animado na Terra alguma personagem conhecida?

– Já te disse que, para ti, sou a Verdade; isto, para ti, quer dizer discrição; nada mais saberás a respeito.

Na reunião de 9 de abril de 1856, o diálogo com O Espírito da Verdade termina com a pergunta de Allan Kardec sobre a proteção que teria:

– Disseste que serás para mim um guia, que me ajudará e protegerá. Compreendo essa proteção e o seu objetivo, dentro de certa ordem de coisas; mas, poderias dizer-me se essa proteção também alcança as coisas materiais da vida?

– Nesse mundo, a vida material é muito de ter-se em conta; não te ajudar a viver seria não te amar.

Nas belas e exatas respostas do Espírito da Verdade, Kardec informa em nota, a qual transcrevo, na íntegra, pelos esclarecimentos que proporciona:

“A proteção desse Espírito, cuja superioridade eu então estava longe de imaginar, jamais, de fato, me faltou. A sua solicitude e dos Espíritos que agiam sob suas ordens, se manifestou em todas as circunstâncias da minha vida, quer a me remover dificuldades materiais, quer a me facilitar a execução dos meus trabalhos, quer, enfim, a me preservar dos efeitos da malignidade dos meus antagonistas, que foram sempre reduzidos à impotência. Se as tribulações inerentes à missão que me cumpria desempenhar não me puderam ser evitadas, foram sempre suavizadas e largamente compensadas por muitas satisfações morais gratíssimas.”

Por esse comentário, entende-se que, no momento certo o Espírito da Verdade identificou-se para Kardec, que guardou a discrição que lhe foi solicitada, entretanto, deixou as pistas, identificando o Espírito da Verdade como Jesus Cristo, em vários momentos, nas obras da Codificação.

Na menor resposta que existe em O Livro dos Espíritos e a de maior grandeza, a de número 625, quando as Entidades Sublimadas responderam à pergunta de Kardec: – Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?– “Jesus”.

Kardec tece comentários – Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a

Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava.

Nas mensagens inseridas em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo VI, O Cristo Consolador, publicadas inicialmente em O Livro dos Médiuns, no capítulo XXXI, atribuídas a Jesus, Kardec reproduziu-as como O Espírito de Verdade. São quatro mensagens: duas recebidas em 1860, uma no ano de 1861 e a quarta mensagem em 1863. Há aquela mensagem tão divulgada, na qual é feita uma convocação aos espíritas: – Espíritas! Amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo. No Cristianismo encontram-se todas as verdades; são de origem humana os erros que nele se enraizaram. Eis que do além-túmulo, que julgáveis o nada, vozes vos clamam: “Irmãos! nada perece. Jesus Cristo é o vencedor do mal, sede os vencedores da impiedade”.

Posteriormente, no livro A Gênese, capítulo I, item 42, Kardec escreve: – O Espiritismo realiza todas as promessas do Cristo a respeito do Consolador anunciado. Ora, como é o Espírito de Verdade que preside ao grande movimento da regeneração, a promessa da sua vinda se acha por essa forma cumprida, porque, de fato, é ele o verdadeiro Consolador.

Mais adiante, lá no final, no capítulo XVII, item 37, do mesmo livro, Kardec declara: – Jesus reservou para si a completação ulterior de seus ensinamentos. E, numa comunicação na Revista Espírita de 1866, na página 222: – A qualificação de Espírito de Verdade, não pertence senão a um e pode ser considerada como nome próprio, ela é especificada no Evangelho.

Nos prolegômenos – prefácio, introdução – de O Livro dos Espíritos, há várias assinaturas, entre elas a do Espírito da Verdade, que demonstra ser ele uma individualidade e não uma plêiade de espíritos. Há, ainda, um detalhe muito importante: no início, antes da palavra prolegômenos, existe a gravura de uma cepa com os ramos, e a nota de rodapé, de que aquela cepa é o fac-símile da que os Espíritos desenharam para representar o conteúdo de O Livro dos Espíritos. E o que é cepa? Cepa é a videira com os ramos, que nos remete às palavras de Jesus, constantes no evangelho de João, capítulo 15, versículo 5: – Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.

As obras da Codificação, que são em número de 20, a saber: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e a Gênese – obras conhecidas como Pentateuco Espírita; além delas, Kardec produziu um livro de divulgação da doutrina: O Que é o Espiritismo e Viagem Espírita em 1962, bem como 12 volumes da importante Revista Espírita. E no ano de 1890, foram publicados escritos inéditos sob o título de Obras Póstumas, totalizando, assim, sua obra em 20 volumes. Nelas, encontramos várias referências a Jesus Cristo como o Espírito da Verdade.

Na Revista Espírita de 1861, na epístola de Erasto aos Espíritas, datada de 19 de setembro de 1861, está escrito: – O Espírito de Verdade, nosso mestre bem-amado.

Na Revista Espírita de 1864, Hahneman, o criador da Homeopatia, em janeiro de 1864, escreve: – O Espírito de Verdade, que dirige este globo. No mês de maio do mesmo ano, uma comunicação assinada O Espírito de Verdade: – Há várias moradas na casa de meu Pai, eu lhes disse há dezoito séculos.

Na Revista Espírita de 1868, na página 51, Erasto, em Paris, no ano de 1863, termina a mensagem dessa forma: – Estamos e ficaremos convosco, sob a égide do Espírito de Verdade, meu senhor e o vosso.

No livro Missionários da Luz, pelo Espírito André Luiz, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, o instrutor Alexandre diz: – O próprio Jesus nos afirma: “eu sou a porta… se alguém entrar por mim será salvo entrará, sairá e achará pastagens”!

Por que audácia incompreensível imaginais a realização sublime sem vos afeiçoardes ao Espírito de Verdade, que é o próprio Senhor?

E o consagrado escritor espírita Hermínio Correia de Miranda, em seu excelente livro As Mil Faces da Realidade Espiritual, afirma: – Não há, pois, como ignorar a óbvia e indiscutível conclusão de que, sob o nome Espírito de Verdade, o Cristo dirigiu pessoalmente os trabalhos de formulação e implementação da Doutrina dos Espíritos, caracterizando-a como o Consolador que prometera há dezoito séculos.

O Cristo, o Ungido de Deus, é o próprio Espírito de Verdade, que nunca nos abandonou, como ele mesmo afirmou: – Não se turbe o vosso coração nem se atemorize, eu estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos.

Jesus Cristo é o Governador Espiritual da Terra. Quando chegou o momento propício, prodigalizou a Revelação das Leis de Deus, com Moisés, no monte Sinai, como intérprete da Primeira Revelação – A Lei de Justiça. Emmanuel, no livro A Caminho da Luz, escreveu que o Cristo acompanhou Moisés em todo o seu percurso com o povo no deserto, durante 40 anos. O Cristo e seus prepostos é que ali estavam na entrega das Tábuas da Lei. Deus jamais falou diretamente com quem quer que seja na Terra. O Cristo apresentou-se com o nome Eu sou. Quando perguntado por Moisés qual é o seu nome, respondeu: Assim dirás aos filhos de Israel: Eu sou me enviou a vós outros. A Segunda Revelação – A Lei do Amor – trazida pelo próprio Cristo, com o nome de Jesus – Jeshua Ben Yussef–, através dos seus exemplos de paz e de solidariedade, mostrando como se faz, fazendo. E, por fim, A Terceira Revelação – A Lei da Caridade – com o Espiritismo, ostentando a bandeira: Fora da caridade não há salvação, coordenado por Ele, como nome Espírito de Verdade, o Consolador prometido.

Muita paz!

Fonte: Correio Espírita

http://jeronimomendonca.net/page/2/ 

A profecia de Kardec para 2036

Em 1856 se iniciou o trabalho da codificação.  Nas sessões da casa do senhor Baudin se iniciaram os alicerces do Livro dos Espíritos. Em 25 de março de 1856 nessas reuniões Kardec é informado sobre qual seria o seu mentor espiritual que o ajudaria naquela grande obra, espírito que se intitulava como o Espírito da Verdade. Em 30 de abril do mesmo ano , em sessão realizada na casa do senhor Roustain foi usado o mecanismo da cesta (que continha um lápis preso a sua extremidade), um processo intermediário entre o fenômeno das mesas girantes e da psicografia. Em 17 de março do mesmo ano , também na casa do senhor Roustain, Kardec recebe mensagem pelo espírito de Hahnemann através da médium Japhet confirmando que seria ele o codificador da nova doutrina. Em 12 de junho o próprio Espírito da Verdade confirma as mensagens anteriores. Foi dessa forma que quase um ano depois foi possível ser lançado O Livro dos Espíritos, com a ajuda valorosa desses médiuns que começaram a fazer reuniões junto com Kardec no primeiro dia de janeiro de 1856, contando com os seguintes médiuns: Caroline Baudin, Julie Baudin, Celine Japhet, Aline Carlotti, Victorien Sardou.

Na mensagem recebida pela senhorita Japhet fica claro que o inicio da codificação começou exatamente ali, naquelas reuniões, em 1856: “Deixará de haver religião e uma se fará necessária, mas verdadeira, grande, bela e digna do Criador...seus primeiros alicerces já foram postos, quanto a ti Rivail sua missão é aí” . Kardec não se via com os recursos necessários para tal missão, sendo necessário que semanas depois o próprio Espírito da Verdade viesse lhe confirmar que amparo do alto não faltaria para a execução da missão que nas suas palavras “abalaria e transformaria o mundo inteiro”.

Ou seja, sem duvida o trabalho da codificação se iniciou em 1856 e é exatamente a partir desse ponto que temos a profecia de Allan Kardec no próprio livro.

Essa profecia está na questão 798:

798. O Espiritismo se tornará crença comum, ou ficará sendo partilhado, como crença, apenas por algumas pessoas?

“Certamente que se tornará crença geral e marcará nova era na história da humanidade, porque está na Natureza e chegou o tempo em que ocupará lugar entre os conhecimentos humanos. Terá, no entanto, que sustentar grandes lutas, mais contra o interesse, do que contra a convicção, porquanto não há como dissimular a existência de pessoas interessadas em combatê-lo, umas por amor-próprio, outras por causas inteiramente materiais. Porém, como virão a ficar insulados, seus contraditores se sentirão forçados a pensar como os demais, sob pena de se tornarem ridículos.

As idéias só com o tempo se transformam; nunca de súbito. De geração em geração, elas se enfraquecem e acabam por desaparecer, paulatinamente, com os que as professavam, os quais vêm a ser substituídos por outros indivíduos imbuídos de novos princípios, como sucede com as idéias políticas. Vede o paganismo. Não há hoje mais quem professe as idéias religiosas dos tempos pagãos. Todavia, muitos séculos após o advento do Cristianismo, delas ainda restavam vestígios, que somente a completa renovação das raças conseguiu apagar.  Assim será com o Espiritismo. Ele progride muito; mas, durante duas ou três gerações, ainda haverá um fermento de incredulidade, que unicamente o tempo aniquilará.” (FEB, edição 76)

Geração é o conjunto de pessoas nascidas na mesma época , considerando isso a geração seria o tempo médio de vida de determinado grupo. Considerando que Kardec morreu com 64 anos, podemos considerar esse período como 60 anos.

Kardec é claro: durante duas ou três gerações haverá um fermento de incredulidade que após este tempo será aniquilado.

Geração 1 – 1856-1916

Geração 2 – 1916-1976

Geração 3 – 1976-2036

Ora, o termo usado foi “aniquilar” que significa “reduzir a nada”, somente um evento significativo poderia reduzir a nada a incredulidade de um mundo que ainda hoje, em 2010, é tão materialista. E é exatamente um evento significativo que irá ocorrer em 2036.

Somente após um evento significativo é que teríamos uma quebra de paradigmas para que então se instalasse uma ordem mais fraterna no mundo, como nos coloca Divaldo Franco, apontando o inicio desse novo período em 2052.

Emmanuel, no livro “Plantão de Respostas “segundo volume, afirma que a Terra será um mundo Regenerado por volta de 2057.


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A REGENERAÇÃO

(MARCHA DO PROGRESSO) 

PARIS, 20 DE JUNHO DE 1869 – PUBLICADA NO Nº DE JULHO (Junho Página 191- Edicel) 


Há muitos séculos as Humanidades prosseguem de maneira uniforme a sua marcha ascendente através do espaço e do tempo. Cada uma delas percorre, etapa por etapa, a rota do progresso. Se diferem quanto aos meios infinitamente diversos que a Providência lhes concedeu, são todas chamadas a se unirem e a se identificarem na perfeição, desde que todas partem da ignorância e da inconsciência de si mesmas e avançam indefinidamente para um mesmo objetivo: Deus, para atingirem a felicidade suprema pelo conhecimento do amor.

Há universos e mundos, como povos e indivíduos. As transformações físicas da terra, que sustenta os corpos, podem ser divididas em duas formas, da mesma maneira que as transformações morais e intelectuais que alargam o espírito e o coração.

A terra se modifica pela cultura, pelo arroteamento e os esforços perseverantes dos seus possuidores e interessados. Mas a esse aperfeiçoamento incessante devemos juntar os efeitos dos grandes cataclismos periódicos, que representam o seu regulador supremo, à maneira da enxada e da charrua para o lavrador.

As Humanidades se transformam e progridem pelo estudo perseverante e pela permuta de pensamentos. Ao se instruírem e ao instruírem os outros, as inteligências se enriquecem, mas os cataclismos morais que regenerem o pensamento são necessários para determinar a aceitação de certas verdades.

Assimilam-se sem perturbações e progressivamente as conseqüências de verdade aceitas, mas é necessária uma conjugação imensa de esforços perseverantes para que novos princípios sejam aceitos. Marcha-se lentamente e sem fadiga por um caminho plano, mas são necessárias todas as forças para subir-se uma senda agreste e superar os obstáculos que surgem. Assim também, para avançar, o homem tem de quebrar as cadeias que o prendem ao pelourinho do passado através do hábito, da rotina e dos preconceitos. Do contrário, o obstáculo continuara firme e ele rodara num círculo vicioso, sem saída, até compreender que, para superar a resistência que lhe fecha a rota do futuro, não basta quebrar as velhas armas estragadas, mas é indispensável fazer outras.

Destruir um navio que faz água por todos os lados, antes de empreender uma travessia marítima, é medida de prudência, mas será ainda necessário, para realizar a viagem, construir novos meios de transporte. Eis, no entanto, atualmente, onde se encontram certos homens avançados, no mundo moral e filosófico e em outros mundos do pensamento! Tudo solaparam, tudo atacaram! As ruínas se espalham por toda parte, mas eles ainda não compreenderam que é necessário elevar, sobre essas ruínas, alguma coisa mais séria do que um livre pensamento e uma independência moral, independentes apenas da moral e da razão. O nada em que se apóiam e uma palavra profunda somente por ser vazia. Se Deus não pode mais criar os mundos do nada, não pode o homem criar novas crenças sem bases. Essas bases estão no estudo e na observação dos fatos.

A verdade eterna, como a lei que a confirma, não dependem da aceitação dos homens para existir. Ela é. E governa o Universo a despeito dos que fecham os olhos para não vê-la. A eletricidade existia antes de Galvani e o vapor antes de Papin, como a nova crença e os princípios filosóficos do futuro, antes mesmo que os publicistas e os filósofos os confirmem.

Sede os pioneiros perseverantes e infatigáveis! Se vos chamarem de loucos, como a Salomão de Caus, se vos repelirem como a Fulton, continuai avançando, porque o tempo, o juiz supremo, fará surgir das trevas os que alimentam o farol que deve, um dia, iluminar toda a Humanidade.

Na Terra, o passado e o futuro são os dois braços de uma alavanca que tem no presente o seu ponto de apoio. Enquanto a rotina e os preconceitos dominam, o passado esta no apogeu. Quando a luz se faz, a alavanca se move e o passado que já escurecia desaparece, para dar lugar ao futuro que alvorece.

Allan Kardec.

(Luiz Pessoa Guimarães – Vade Mecum Espírita PIRACICABA

www.vademecumespirita.com.br

http://twitter.com/vmespirita Página 16)

LOUVOR A KARDEC

E.S.E. - Cap. I – Itens 5 a 7

Allan Kardec, ao apresentar “O Livro dos Espíritos”, em 18 de abril 1857, surpreendeu o horizonte intelectual e religioso do mundo com o sol de nova doutrina, impregnada de luz e esperança.

Entretanto, mal estudada e mal compreendida, a Doutrina Espírita é vítima da desinformação de muitos adeptos, que contrariam a Codificação Kardequiana.

As cinco alternativas da humanidade - Allan Kardec (*)

Estas cinco alternativas são as que resultam das doutrinas do materialismo, do panteísmo, do deísmo, do dogmatismo, e do Espiritismo.

São bem poucos os homens que vivem sem inquietação pelo dia de amanhã. Se, pois, inquieta-se pelo que se será depois de um dia de vinte e quatro horas, com mais forte razão é natural preocupar-se com o que será de nós depois do dia claro da vida, porque não se trata mais de alguns instantes, mas da eternidade. Viveremos ou não viveremos mais! Não há meio-termo; é uma questão de vida ou de morte; é a suprema alternativa!...

Interrogando-se o sentimento íntimo da quase universalidade dos homens, todos responderão: "Viveremos." Essa esperança é para eles uma consolação. Entretanto, uma pequena minoria se esforça, há algum tempo sobretudo, em provar-lhes que não viverão. Essa escola fez prosélitos, é preciso confessar, e principalmente entre aqueles que temem a responsabilidade do futuro, acham mais cômodo gozar o presente sem constrangimento, sem serem perturbados pela perspectiva das conseqüências. Mas não está aí senão a opinião do menor número.

Se viveremos, como viveremos? Estaremos em que condições? Aqui os sistemas variam com as crenças religiosas e filosóficas. Entretanto, todas os opiniões sobre o futuro do homem podem se reduzir a cinco alternativas principais, que vamos resumir sumariamente, a fim de que a sua comparação seja mais fácil e que cada um possa discernir, com conhecimento de causa, aquela que lhe parece mais racional e melhor responde às suas aspirações pessoais e às necessidades da sociedade. Estas cinco alternativas são as que resultam das doutrinas do materialismo, do panteísmo, do deísmo, do dogmatismo, e do Espiritismo.

Doutrina Materialista

A inteligência do homem é uma propriedade da matéria; nasce e morre com o organismo. O homem não é nada antes, nada depois da vida corpórea.

Conseqüências. O homem, não sendo senão matéria, não há de real e de invejável senão os gozos materiais; as afeições morais não têm futuro; os laços morais são quebrados sem retorno na morte; as misérias da vida são sem compensação; o suicídio torna-se o fim racional e lógico da existência, quando os sofrimentos são sem esperança de melhora; é inútil se impor um constrangimento para vencer os seus maus pendores; viver para si o melhor possível, enquanto estiver aqui; a estupidez de se incomodar e de sacrificar seu repouso, seu bem-estar, por outrem, quer dizer, por seres que serão aniquilados, a seu turno, e que jamais tornarão a ser vistos; deveres sociais sem base, o bem e o mal são coisas de convenção; o freio social é reduzido ao poder material da lei civil.

Nota. Talvez não será inútil lembrar aqui, aos nossos leitores, algumas passagens de um artigo que publicamos sobre o materialismo, no número da Revista de agosto de 1868.

"O materialismo, dizíamos nós, fazendo-se notar como não o fizera em nenhuma outra época, colocando-se como regulador supremo dos destinos morais da Humanidade, teve por efeito assustar as massas pelas conseqüências inevitáveis de suas doutrinas para a ordem social; por isso mesmo provocou, em favor das idéias espiritualistas, uma enérgica reação que deve provar-lhe que está longe de ter as simpatias tão gerais como supunha, e que se faz estranha ilusão esperando um dia impor as suas leis ao mundo.

"Seguramente, as crenças espiritualistas do tempo passado são insuficientes para este século; não estão no nível intelectual de nossa geração; estão, sobre muitos pontos, em contradição com os dados certos da ciência; deixam no espírito idéias incompatíveis com a necessidade do positivo que domina na sociedade moderna; têm, além disso, o erro imenso de se impor pela fé cega e proscrever o livre exame; daí, sem nenhuma dúvida, o desenvolvimento da incredulidade entre o maior número; é bem evidente que, se os homens não fossem nutridos, desde sua infância, senão com idéias a serem mais tarde confirmadas pela razão, não haveria incrédulos. Quantas pessoas, reconduzidas à crença pelo Espiritismo, nos disseram: "Se se tivessem sempre apresentado Deus, a alma e a vida futura de maneira racional, jamais teríamos duvidado!"

"Do fato que um princípio receba má ou falsa aplicação, segue-se que falta rejeitá-lo? Há coisas espirituais, como da legislação e de todas as instituições sociais, que é preciso apropriá-las ao tempo sob pena de sucumbirem. Mas, em lugar de apresentar uma coisa melhor do que o velho espiritualismo, o materialismo prefere tudo suprimir, o que o dispensa de procurar, e parece mais cômodo àqueles que a idéia de Deus e do futuro importuna. Que se pensaria de um médico que, achando que o regime de um convalescente não está bastante substancial para o seu temperamento, lhe prescrevesse nada comer?

"O que se admira encontrar, na maioria dos materialistas da escola moderna, é o espírito de intolerância, levado aos seus últimos limites, eles que reivindicam, sem cessar, o direito de liberdade de consciência!...

"... Há, neste momento, da parte de um certo partido, uma revolta contra as idéias espiritualistas em geral, na qual o Espiritismo se encontra naturalmente envolvido. O que procura não é um Deus melhor e mais justo, é o Deus matéria, menos incômodo porque não há contas a lhe prestar. Ninguém contesta, a esse partido, o direito de ter a sua opinião, de discutir as opiniões contrárias; mas o que não se saberia conceder-lhe é a pretensão, ao menos singular para os homens que se colocam como apóstolos da liberdade, de impedir, aos outros, crerem à sua maneira e discutir doutrinas que não partilham. Intolerância por intolerância. Uma não vale mais do que a outra..."

Doutrina Panteísta

O princípio inteligente ou alma, independente da matéria, no nascimento é haurido do todo universal; se individualiza em cada ser durante a vida, e, na morte, retorna à massa comum, como as gotas de chuva no Oceano.

Conseqüências. Sem individualidade, e sem consciência de si mesmo, o ser é como se não existisse; as conseqüências morais desta doutrina são exatamente as mesmas que as da doutrina materialista.

Nota: Um certo número de panteístas admite que a alma, haurida no nascimento no todo universal, conserva a sua individualidade durante um tempo indefinido, e que ela não retorna à massa senão depois de ter chegado ao último grau da perfeição. As conseqüências desta variedade de crença são absolutamente as mesmas que as da doutrina panteísta propriamente dita, porque é perfeitamente inútil se dar ao trabalho para adquirir alguns conhecimentos, dos quais deve perder a consciência aniquilando-se depois de um tempo relativamente curto; se a alma , geralmente, se recusa a admitir semelhante concepção, quanto deveria ela estar mais penosamente afetada, pensando que, no instante em que atingisse o conhecimento e a perfeição supremas, seria aquele em que seria condenada a perder o fruto de seus labores, perdendo a sua individualidade.

Doutrina Deísta

O deísmo compreende duas categorias bem distintas de crentes: os deístas independentes e os deístas providenciais.

Os deístas independentes crêem em Deus; admitem todos os seus atributos como criador. Deus, dizem eles, estabeleceu as leis gerais que regem o Universo, mas essas leis, uma vez criadas, funcionam sozinhas, e seu autor não se ocupa mais de nada. As criaturas fazem o que querem ou o que podem, sem que com isso se inquietem. Não há, providência; Deus, não se ocupando conosco, nada há a agradecer-lhe, nem a pedir-lhe. Aqueles que negam toda intervenção da providência na vida do homem são como crianças que se crêem bastante razoáveis para se livrarem da tutela, dos conselhos e da proteção de seus pais, ou que pensariam que seus pais não devem mais se ocupar delas, desde que as colocou no mundo.

Sob o pretexto de glorificar a Deus, muito grande, dizem, para se abaixar até as suas criaturas, fazem dele um grande egoísta e o abaixam ao nível dos animais que abandonam seus progenitores aos elementos.

Esta crença é resultado do orgulho; é sempre o pensamento de estar submetido a uma força superior que melindra o amor-próprio e da qual procura libertar-se. Ao passo que uns recusam absolutamente essa força, outros consentem em reconhecer a sua existência, mas a condenam à nulidade.

Há uma diferença essencial entre o deísta independente dos quais acabamos de falar, e o deísta providencial; este último, com efeito, crê não só na existência e no poder criador de Deus, na origem das coisas; crê ainda em sua intervenção incessante na criação e a pede, mas não admite o culto exterior e o dogmatismo atual.

Doutrina Dogmática

A alma, independente da matéria, é criada no nascimento de cada ser; sobrevive e conserva a sua individualidade depois da morte; a sua sorte está, desde esse momento, irrevogavelmente fixada; os seus progressos ulteriores são nulos; ela será, conseqüentemente, por toda a eternidade, intelectual e moralmente, o que era durante a vida. Sendo os maus condenados a castigos perpétuos e irremissíveis no inferno, disso ressalta, para eles, a inutilidade completa do arrependimento; Deus parece, assim, se recusar a lhes deixar a oportunidade de reparar o mal que fizeram. Os bons são recompensados pela visão de Deus e a contemplação perpétua no céu. Os casos que podem merecer, pela eternidade, o céu ou o inferno, são deixados para a decisão e o julgamento de homens falíveis, a quem é dado absolver ou condenar.

(Nota. Se se objetasse, a esta última proposição, que Deus julga em última instância, poder-se-ia perguntar qual é o valor da decisão pronunciada pelos homens, uma vez que pode ser revogada.)

Separação definitiva e absoluta dos condenados e dos eleitos. Inutilidade dos auxílios morais e das consolações para os condenados. Criação de anjos ou almas privilegiadas isentas de todo trabalho para chegar à perfeição, etc., etc.

Conseqüências. Esta doutrina deixa sem solução os graves problemas seguintes:

1º De onde vêm as disposições inatas, intelectuais e morais, que fazem com que os homens nasçam bons ou maus, inteligentes ou idiotas?

2º Qual é a sorte das crianças que morrem em tenra idade?

Por que entram elas na vida feliz sem o trabalho ao qual outras estão sujeitas durante longos anos?

Por que são recompensadas sem terem podido fazer o bem, ou privadas de uma felicidade sem terem feito o mal?

3º Qual é a sorte dos cretinos e dos idiotas, que não têm consciência de seus atos?

4º Onde está a justiça da miséria e das enfermidades de nascimento, uma vez que não são resultado de nenhum ato da vida presente?

5º Qual é a sorte dos selvagens e de todos aqueles que morrem forçosamente no estado de inferioridade moral, onde se encontram colocados pela própria Natureza, se não lhes é dado progredir ulteriormente?

6º Por que Deus cria almas mais favorecidas, umas do que as outras?

7º Por que chama a si, prematuramente, aqueles que teriam podido se melhorar se tivessem vivido por mais longo tempo, desde o instante que não lhes é dado avançar depois da morte?

8º Por que Deus criou anjos, chegados à perfeição sem trabalho, ao passo que outras criaturas estão submetidas às mais rudes provas, nas quais têm mais chances de sucumbir do que de sair vitoriosas? etc., etc.

Doutrina Espírita

O princípio inteligente é independente da matéria. A alma individual preexiste e sobrevive ao corpo. O mesmo ponto de partida para todas as almas, sem exceção; todas são criadas simples e ignorantes, e são submetidas ao progresso indefinido. Nenhuma criatura privilegiada é mais favorecida, umas do que as outras; os anjos são seres chegados à perfeição depois de terem passado, como as outras criaturas, por todos os graus da inferioridade. As almas, ou Espíritos, progridem mais ou menos rapidamente em virtude de seu livre arbítrio, pelo seu trabalho e sua boa vontade. – A vida espiritual é a vida normal; a vida corpórea é uma fase temporária da vida do Espírito, durante a qual ele reveste, momentaneamente, um envoltório material de que se despoja na morte.

O Espírito progride no estado corpóreo e no estado espiritual. O estado corpóreo é necessário ao Espírito até que ele atinja um certo grau de perfeição: nele se desenvolve pelo trabalho a que está sujeito pelas suas próprias necessidades, e adquire conhecimentos práticos especiais. Uma única existência corpórea sendo insuficiente para fazê-lo adquirir todas as perfeições, retoma um corpo tão freqüentemente quanto isso lhe seja necessário, e, a cada vez, nele chega com o progresso que alcançou em suas existências anteriores e na vida espiritual. Quando adquiriu no mundo tudo aquilo que pode nele adquirir, deixa-o para ir para outros mundos mais avançados, intelectual e moralmente, cada vez menos materiais, e assim continuamente até a perfeição, da qual a criatura é suscetível.

O estado feliz ou infeliz dos Espíritos é inerente ao seu adiantamento moral; sua punição é a conseqüência de seu endurecimento no mal, de sorte que, perseverando no mal, se punem eles mesmos; mas a porta do arrependimento jamais lhes é fechada, e podem, quando querem, retornar ao caminho do bem e chegar, com o tempo, a todos os progressos.

As crianças que morrem em tenra idade podem ser mais ou menos avançadas, porque já viveram em existências anteriores, onde puderam fazer o bem ou cometer más ações. A morte não as livra das provas que devem sofrer, e recomeçam, em tempo útil, uma nova existência sobre a Terra, em mundos superiores, segundo o seu grau de elevação.

A alma dos cretinos e dos idiotas é da mesma natureza que a de qualquer encarnado; freqüentemente, a sua inteligência é superior, e sofrem a insuficiência dos meios, que têm para entrar em relação com os seus companheiros de existência, como os mudos sofrem por não poderem falar. Abusaram de sua inteligência, em suas existências anteriores, e aceitaram, voluntariamente, estar reduzidos à impossibilidade para expiarem o mal que cometeram. 

(*)  Texto extraído de "Obras Póstumas", capítulo de mesmo nome, autoria Allan Kardec.

ESCLARECIMENTOS DE ALLAN KARDEC


Carta a Sua Alteza o Príncipe G. - Revista Espírita, janeiro de 1859.

PRÍNCIPE,

Vossa Alteza honrou-me dirigindo-me várias perguntas referentes ao Espiritismo; vou tentar respondê-las, tanto quanto o permita o estado dos conhecimentos atuais sobre a matéria, resumindo em poucas palavras o que o estudo e a observação nos ensinaram a esse respeito. Essas questões repousam sobre os princípios da própria ciência: para dar maior clareza à solução, é necessário ter esses princípios presentes no pensamento; permita-me, pois, tomar a coisa de um ponto mais alto, colocando como preliminares certas proposições fundamentais que, de resto, elas mesmas servirão de resposta a algumas de vossas perguntas.

Há, fora do mundo corporal visível, seres invisíveis que constituem o mundo dos Espíritos.

Os Espíritos não são seres à parte, mas as próprias almas daqueles que viveram na Terra ou em outras esferas, e que deixaram seus envoltórios materiais.

Os Espíritos apresentam todos os graus de desenvolvimento intelectual e moral. Há, por consequência, bons e maus, esclarecidos e ignorantes, levianos, mentirosos, velhacos, hipócritas, que procuram enganar e induzir ao mal, como os há muitos superiores em tudo, e que não procuram senão fazer o bem. Essa distinção é um ponto capital.

Os Espíritos nos cercam sem cessar, com o nosso desconhecimento, dirigem os nossos pensamentos e as nossas ações, e por aí influem sobre os acontecimentos e os destinos da Humanidade.

Os Espíritos, frequentemente, atestam sua presença por efeitos materiais. Esses efeitos nada têm de sobrenatural; não nos parecem tal senão porque repousam sobre bases fora das leis conhecidas da matéria. Uma vez conhecidas essas bases, o efeito entra na categoria dos fenômenos naturais; é assim que os Espíritos podem agir sobre os corpos inertes e fazê-los mover sem o concurso de nossos agentes exteriores. Negar a existência de agentes desconhecidos, unicamente porque não são compreendidos, seria colocar limites ao poder de Deus, e crer que a Natureza nos disse sua última palavra.

Todo efeito tem uma causa; ninguém o contesta. É, pois, ilógico negar a causa unicamente porque seja desconhecida.

Se todo efeito tem uma causa, todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente. Quando se vê o braço do telégrafo fazer sinais que respondem a um pensamento, disso se conclui, não que esses braços sejam inteligentes, mas que uma inteligência fá-los moverem-se. Ocorre o mesmo com os fenômenos espíritas. Se a inteligência que os produz não é a nossa, é evidente que ela está fora de nós.

Nos fenômenos das ciências naturais, atua-se sobre a matéria inerte, que se manipula à vontade; nos fenômenos espíritas age-se sobre inteligências que têm seu livre arbítrio, e não estão submetidas à nossa vontade. Há, pois, entre os fenômenos usuais e os fenômenos espíritas uma diferença radical quanto ao princípio: por isso, a ciência vulgar é incompetente para julgá-los.

O Espírito encarnado tem dois envoltórios, um material que é o corpo, o outro semi-material e indestrutível que é o períspirito. Deixando o primeiro, conserva o segundo que constitui para ele uma espécie de corpo, mas cujas propriedades são essencialmente diferentes. Em seu estado normal, é invisível para nós, mas pode tornar-se momentaneamente visível e mesmo tangível: tal é a causa do fenômeno das aparições.

Os Espíritos não são, pois, seres abstratos, indefinidos, mas seres reais e limitados, tendo sua própria existência, que pensam e agem em virtude de seu livre arbítrio. Estão por toda parte, ao redor de nós; povoam os espaços e se transportam com a rapidez do pensamento.

Os homens podem entrar em relação com os Espíritos e deles receberem comunicações diretas pela escrita, pela palavra e por outros meios. Os Espíritos, estando ao nosso lado e podendo virem ao nosso chamado, pode-se, por certos intermediários, estabelecer com eles comunicações seguidas, como um cego pode fazê-lo com as pessoas que ele não vê.

Certas pessoas são dotadas, mais do que outras, de uma aptidão especial para transmitirem as comunicações dos Espíritos: são os médiuns. O papel do médium é o de um intérprete; é um instrumento do qual se servem os Espíritos: esse instrumento pode ser mais ou menos perfeito, e daí as comunicações mais ou menos fáceis.

Os fenômenos espíritas são de duas ordens: as manifestações físicas e materiais, e as comunicações inteligentes. Os efeitos físicos são produzidos por Espíritos inferiores; os Espíritos elevados não se ocupam mais dessas coisas quanto nossos sábios não se ocupam em fazerem grandes esforços: seu papel é de instruir pelo raciocínio.

As comunicações podem emanar de Espíritos inferiores, como de Espíritos superiores. Reconhecem-se os Espíritos, como os homens, pela sua linguagem: a dos Espíritos superiores é sempre séria, digna, nobre e marcada de benevolência; toda expressão trivial ou inconveniente, todo pensamento que choque a razão ou o bom senso, que denote orgulho, acrimônia ou malevolência, necessariamente, emana de um Espírito inferior.

Os Espíritos elevados não ensinam senão coisas boas; sua moral é a do Evangelho, não pregam senão a união e a caridade, e jamais enganam. Os Espíritos inferiores dizem absurdos, mentiras, e, frequentemente, grosserias mesmo.

A bondade de um médium não consiste somente na facilidade das comunicações, mas, sobretudo, na natureza das comunicações que recebe. Um bom médium é aquele que simpatiza com os bons Espíritos e não recebe senão boas comunicações.

Todos temos um Espírito familiar que se liga a nós desde o nosso nascimento, nos guia, nos aconselha e nos protege; esse Espírito é sempre bom.

Além do Espírito familiar, há Espíritos que são atraídos para nós por sua simpatia por nossas qualidades e nossos defeitos, ou por antigas afeições terrestres. Donde se segue que, em toda reunião, há uma multidão de Espíritos mais ou menos bons, segundo a natureza do meio.

Podem os Espíritos revelar o futuro?

Os Espíritos não conhecem o futuro senão em razão de sua elevação. Os que são inferiores não conhecem mesmo o seu, por mais forte razão o dos outros. Os Espíritos superiores o conhecem, mas não lhes é sempre permitido revelá-lo. Em princípio, e por um desígnio muito sábio da Providência, o futuro deve nos ser ocultado; se o conhecêssemos, nosso livre arbítrio seria por isso entravado. A certeza do sucesso nos tiraria o desejo de nada fazer, porque não veríamos a necessidade de nos dar ao trabalho; a certeza de uma infelicidade nos desencorajaria. Todavia, há casos em que o conhecimento do futuro pode ser útil, mas deles jamais podemos ser juízes: os Espíritos no-los revelam quando creem útil e têm a permissão de Deus; fazem-no espontaneamente e não ao nosso pedido. E preciso esperar, com confiança a oportunidade, e sobretudo não insistir em caso de recusa, de outro modo se arrisca a relacionar-se com Espíritos levianos que se divertem às nossas custas.

Podem os Espíritos nos guiar, por conselhos diretos, nas coisas da vida?

Sim, eles o podem e o fazem voluntariamente. Esses conselhos nos chegam diariamente pelos pensamentos que nos sugerem. Frequentemente, fazemos coisas das quais nos atribuímos o mérito, e que não são, na realidade, senão o resultado de uma inspiração que nos foi transmitida. Ora, como estamos cercados de Espíritos que nos solicitam, uns num sentido, os outros no outro, temos sempre o nosso livre arbítrio para nos guiar na escolha, feliz para nós quando damos a preferência ao nosso bom gênio.

Além desses conselhos ocultos, pode-se tê-los diretos por um médium; mas é aqui o caso de se lembrar dos princípios fundamentais que emitimos a toda hora. A primeira coisa a considerar é a qualidade do médium, senão o for por si mesmo. Médium que não tem senão boas comunicações, que, pelas suas qualidades pessoais não simpatiza senão com os bons Espíritos, é um ser precioso do qual podem-se esperar grandes coisas, se todavia for secundado pela pureza de suas próprias instruções e se tomadas convenientemente: digo mais, é um instrumento providencial.

O segundo ponto, que não é menos importante, consiste na natureza dos Espíritos aos quais se dirigem, e não é preciso crer que o primeiro que chegue possa nos guiar utilmente. Quem não visse nas comunicações espíritas senão um meio de adivinhação, e em um médium uma espécie de ledor de sorte, se enganaria estranhamente. É preciso considerar que temos, no mundo dos Espíritos, amigos que se interessam por nós, mais sinceros e mais devotados do que aqueles que tomam esse título na Terra, e que não têm nenhum interesse em nos bajular e em nos enganar. Além do nosso Espírito protetor, são parentes ou pessoas que se nos afeiçoaram em sua vida, ou Espíritos que nos querem o bem por simpatia. Aqueles vêm voluntariamente quando são chamados, e vêm mesmo sem que sejam chamados; temo-los, frequentemente, ao nosso lado sem disso desconfiar. São aqueles aos quais pode-se pedir conselhos pela via direta dos médiuns, e que os dão mesmo espontaneamente sem que lhes peça. Fazem-no sobretudo n a intimidade, no silêncio, e então quando nenhuma influência venha perturbá-los: aliás, são muito prudentes, e não se tem a temer da sua parte uma indiscrição imprópria: eles se calam quando há ouvidos demais. Fazem-no, ainda com mais bom grado, quando estão em comunicação frequente conosco; como eles não dizem as coisas senão com o propósito e segundo a oportunidade, é preciso esperar a sua boa vontade e não crer que, à primeira vista, vão satisfazer a todos os nossos pedidos; querem nos provar com isso que não estão às nossas ordens.

A natureza das respostas depende muito do modo como se colocam as perguntas; é preciso aprender a conversar com os Espíritos como se aprende a conversar com os homens: em todas as coisas é preciso a experiência. Por outro lado, o hábito faz com que os Espíritos se identifiquem conosco e com o médium, os fluidos se combinam e as comunicações são mais fáceis; então se estabelece, entre eles e nós, verdadeiras conversações familiares; o que não dizem num dia, dizem-no em outro; eles se habituam à nossa maneira de ser, como nós à sua: fica-se, reciprocamente, mais cômodo. Quanto à ingerência de maus Espíritos e de Espíritos enganadores, o que é o grande escolho, a experiência ensina a combatê-los, e pode-se sempre evitá-los. Se não se lhes expuser, não vêm mais onde sabem perder seu tempo.

Qual pode ser a utilidade da propagação das ideias espíritas?

O Espiritismo, sendo a prova palpável, evidente da existência, da individualidade e da imortalidade da alma, é a destruição do Materialismo. Essa negação de toda religião, essa praga de toda sociedade. O número dos materialistas que foram conduzidos a ideias mais sadias é considerável e aumenta todos os dias: só isso seria um benefício social. Ele não prova somente a existência da alma e sua imortalidade; mostra o estado feliz ou infeliz delas segundo os méritos desta vida. As penas e as recompensas futuras não são mais uma teoria, são um fato patente que se tem sob os olhos. Ora, como não há religião possível sem a crença em Deus, na imortalidade da alma, nas penas e nas recompensas futuras, se o Espiritismo conduz a essas crenças aqueles em que estavam apagadas, disso resulta que é o mais poderoso auxiliar das ideias religiosas: dá a religião àqueles que não a têm; fortifica-a naqueles em que ela é vacilante; consola pela certeza do futuro, faz aceitar com paciência e resignação as tribulações desta vida, e afasta do pensamento do suicídio, pensamento que se repele naturalmente quando se lhe vê as consequências: eis porque aqueles que penetraram esses mistérios estão felizes com isso; é para eles uma luz que dissipa as trevas e as angústias da dúvida.

Se considerarmos agora a moral ensinada pelos Espíritos superiores, ela é toda evangélica, é dizer tudo: prega a caridade cristã em toda a sua sublimidade; faz mais, mostra a necessidade para a felicidade presente e futura, porque as consequências do bem e do mal que fizermos estão ali diante dos nossos olhos. Conduzindo os homens aos sentimentos de seus deveres recíprocos, o Espiritismo neutraliza o efeito das doutrinas subversivas da ordem social.

Essas crenças não podem ser um perigo para a razão?

Todas as ciências não forneceram seu contingente às casas de alienados? É preciso condená-las por isso? As crenças religiosas não estão ali largamente representadas? Seria justo, por isso, proscrever a religião? Conhecem-se todos os loucos que o medo do diabo produziu? Todas as grandes preocupações intelectuais levam à exaltação, e podem reagir lastimavelmente sobre um cérebro fraco; teria fundamento ver-se no Espiritismo um perigo especial a esse respeito, se ele fosse a causa única, ou mesmo preponderante, dos casos de loucura. Faz-se grande barulho de dois ou três casos aos quais não se daria nenhuma atenção em outra circunstância; não se levam em conta, ainda, as causas predisponentes anteriores. Eu poderia citar outras nas quais as ideias espíritas, bem compreendidas, detiveram o desenvolvimento da loucura. Em resumo, o Espiritismo não oferece, sob esse aspecto, mais perigo que as mil e uma causas que a produzem diariamente; digo mais, que ele as oferece muito menos, naquilo que ele carrega em si mesmo seu corretivo, e que pode, pela direção que dá às ideias, pela calma que proporciona ao espírito daqueles que o compreende, neutralizar o efeito de causas estranhas. O desespero é uma dessas causas; ora, o Espiritismo, fazendo-nos encarar as coisas mais lamentáveis com sangue frio e resignação, nos dá a força de suportá-las com coragem e resignação, e atenua os funestos efeitos do desespero.

As crenças espíritas não são a consagração das ideias supersticiosas da Antiguidade e da Idade Média, e não podem recomendá-las
As pessoas sem religião não taxam de superstição a maioria das crenças religiosas? Uma ideia não é supersticiosa senão porque ela é falsa; cessa de sê-lo se se torna uma verdade. Está provado que, no fundo da maioria das superstições, há uma verdade ampliada e desnaturada pela imaginação. Ora, tirar a essas ideias todo seu aparelho fantástico, e não deixar senão a realidade, é destruir a superstição: tal é o efeito da ciência espírita, que coloca a nu o que há de verdade ou de falso nas crenças populares. Por muito tempo, as aparições foram vistas como uma crença supersticiosa; hoje, que são um fato provado, e, mais que isso, perfeitamente explicado, elas entram no domínio dos fenômenos naturais. Seria inútil condená-las, não as impediria de se produzirem; mas aqueles que delas tomam conhecimento e as compreendem, não somente não se amedrontam, mas com elas ficam satisfeitos, e é a tal ponto que aqueles que não as têm desejam tê-las. Os fenômenos incompreendidos deixam o campo livre à imaginação, são a fonte de uma multidão de ideias acessórias, absurdas, que degeneram em superstição. Mostrai a realidade, explicai a causa, e a imaginação se detém no limite do possível; o maravilhoso, o absurdo e o impossível desaparecem, e com eles a superstição; tais são, entre outras, as práticas cabalísticas, a virtude dos sinais e das palavras mágicas, as fórmulas sacramentais, os amuletos, os dias nefastos, as horas diabólicas, e tantas outras coisas das quais o Espiritismo, bem compreendido, demonstra o ridículo.

Tais são, Príncipe, as respostas que acreditei dever fazer às perguntas que me haveis dado a honra em me endereçar, feliz se elas podem corroborar as ideias que Vossa Alteza já possui sobre essas matérias, e vos levar a aprofundar uma questão de tão alto interesse; mais feliz ainda se meu concurso ulterior puder ser para vós de alguma utilidade.

Com o mais profundo respeito, sou, de Vossa Alteza, o muito humilde e muito obediente servidor,

Allan Kardec 
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